Pinheiros e Perdizes lideram ranking de furtos e roubos de bicicletas em SP
Pinheiros, Perdizes e Jardins, na zona oeste, são as regiões que registram mais casos de furto e roubo de bicicletas na cidade de São Paulo. É o que aponta levantamento inédito feito pelo Fiquem Sabendo com base em dados da Polícia Civil de São Paulo por meio da Lei de Acesso à Informação.
De acordo com as informações disponibilizadas pela polícia, entre janeiro e junho deste ano, o 14º DP (Pinheiros), responsável por investigar crimes de regiões como Alto de Pinheiros e da Vila Madalena, registrou 90 boletins de ocorrência de furto ou roubo de bicicletas.
O número de ocorrências contabilizadas pela delegacia dessa região representa quase o dobro dos 44 boletins registrados pelo 23º DP (Perdizes) no mesmo período. Essa delegacia é a segunda colocada no ranking de locais com mais casos de roubo e furto de bicicleta em toda a cidade. Ela apura os crimes ocorridos na ciclovia da avenida Sumaré, apontada por ciclistas como local de alto índice de assaltos.
A terceira colocação é ocupada pelo 78º DP (Jardins), com 39 boletins de ocorrência registrados no primeiro semestre deste ano. Essa delegacia é uma das duas responsáveis pela área da avenida Paulista, que também possui uma extensa ciclovia. O outro distrito policial que investiga crimes ocorridos nessa região, o 4º DP (Consolação), é o sétimo colocado do ranking, com 22 ocorrências registradas.
A reportagem analisou dados referentes a 928 boletins de ocorrência registrados pelos 93 distritos policiais de São Paulo.
Boletins
Cada boletim de ocorrência pode abranger o registro de uma ou mais bicicletas levadas por suspeitos de furto ou roubo.
Na manhã do 30 de junho deste ano, a designer Dora Levy, 55, teve a sua bicicleta furtada depois de acorrentá-la, com cadeado, a uma barra de ferro em frente à loja de materiais para escritório, onde passou cerca de 20 minutos, na avenida Pedroso de Morais, em Pinheiros.
Ela calcula que a sua bicicleta, modelo Specialized, com três anos de uso, está avaliada em cerca de R$ 4.000. Dora diz não ter recebido o atendimento adequado por parte da loja, que, segundo ela, se negou a lhe fornecer imagens de seu circuito de segurança, que poderiam ajudar a identificar os suspeitos do crime. Por esse motivo, estuda processar o estabelecimento e ser indenizada por isso.
A designer, que sofreu fraturas no pé e na mão depois de bater a roda de sua bicicleta contra um “degrau” da ciclovia da rua João Moura, na mesma região, no ano passado, diz que não vai parar de pedalar. “É triste [o fato de ter sido furtada], porque a gente faz algo querendo ajudar a cidade. Uso a bicicleta nos meus deslocamentos para o trabalho e acontece esse tipo de coisa”, afirma.
A designer diz que resgatou uma bicicleta antiga, que tinha em casa, e a usará até que possa comprar outra parecida com o modelo furtado em junho.
O histórico de um único boletim de ocorrência registrado pelo 23º DP (Perdizes) no dia 5 de janeiro deste ano traz o relato de nove bicicletas furtadas de uma empresa que empresta bikes na cidade. Não há informação sobre a via em que o crime ocorreu.
“É como o roubo de Rolex”, avalia especialista
Na avaliação do especialista em segurança pública Jorge Lordello, os bairros nobres da zona oeste concentram os mais altos índices de roubos e furtos de bicicletas na capital paulista porque nesses locais que circulam bicicletas caras.
“É pelo mesmo motivo que os bairros nobres de São Paulo são aqueles onde sempre há roubos de Rolex e outros relógios de luxo”, explica Lordello.
De acordo com o especialista, outro fator que faz com que as bicicletas tenham se tornado muito visadas é o fato de não ser difícil para os suspeitos revenderem ou repassarem a receptadores a bike furtada ou roubada. “Basta descaracterizar a bicicleta e pôr o anúncio na internet. Sem contar o fato de que muitas vítimas sequer sabem o número do quadro, que é o chassi da bicicleta. Com isso, quando registram o boletim de ocorrência, a polícia não tem a informação necessária para recuperar aquele bem.”
As delegacias que lideram os roubos e furtos de bikes na cidade ficam nas regiões onde a gestão do prefeito Fernando Haddad (PT) construiu mais quilômetros de ciclovia nos últimos anos.
O 23º DP (Perdizes), onde fica a ciclovia da avenida Sumaré, por exemplo, fica na área da Subprefeitura da Lapa, a terceira com maior malha cicloviária da capital paulista, com 31,7 km de pistas para bicicletas.
Já a ciclovia da Paulista está localizada na Subprefeitura da Sé, que possui 45,3 km de ciclovia, maior malhar cicloviária dentre as 32 administrações regionais da capital paulista.
A cidade de São Paulo possui hoje 418,6 km de ciclovias.
Apesar de as ciclovias terem sido construídas pela prefeitura, o responsável pela segurança desses locais é o governo do Estado, por meio das polícias estaduais.
Outro lado
A Secretaria de Estado da Segurança Pública disse por meio de nota enviada por sua assessoria de imprensa que os distritos policiais da cidade “rotineiramente colhem imagens captadas pelos sistemas de segurança nesses locais” para inibir os furtos e roubos de bicicletas.
Leia, abaixo, a íntegra da nota que a secretaria enviou à reportagem:
“A Polícia Civil esclarece que as delegacias disponibilizam equipes de investigação para fazerem contatos com os gestores de segurança dos locais das ocorrências, além de, rotineiramente, colher imagens captadas pelos sistemas de segurança que existem nesses locais, bem como informações junto às testemunhas. Como resultado, houve queda, nos últimos dois meses de 20% nas ocorrências de tal natureza, na região do 14º DP, por exemplo.
A Polícia Militar esclarece que realiza o policiamento ostensivo e preventivo em todas as regiões da capital, por meio dos mais diversos programas de policiamento existentes na Instituição (Rádio Patrulhamento, Força Tática, ROCAM), sempre objetivando a diminuição dos crimes. No primeiro semestre de 2016, os policiais militares do Comando de Policiamento da Capital, responsáveis pelo policiamento na cidade, detiveram 18.116 pessoas em flagrante.”
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