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Após atos de servidores sem salário, RJ gasta quase R$ 1 mi em armas não letais

Policias militares e servidores entraram em confronto por horas em protesto no dia 6 de dezembro Imagem: Luiz Souza/Fotoarena/Estadão Conteúdo

Paula Bianchi

Do UOL, no Rio

05/01/2017 05h00

Poucos dias depois de a Tropa de Choque lançar bombas de gás lacrimogêneo e efeito moral contra servidores que protestavam contra a votação do pacote de austeridade na Assembleia Legislativa, o Governo do Rio de Janeiro comprou quase R$ 1 milhão em armamento não letal.

No dia 6 de dezembro, servidores do Estado passaram cerca de seis horas em confronto com a Tropa de Choque, que cercava o Palácio Tiradentes, durante mais um dia de votação do pacote. 

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De acordo com dados do Portal de Transparência da Secretaria da Fazenda obtidos pelo UOL, no dia 22 de dezembro a Polícia Militar realizou uma compra no valor de R$ 991.070,85 "referente a aquisição de munição não letal" com a empresa Condor S.A, distribuidora de armamentos não letais.

Até agora, apenas servidores da educação e da segurança pública, além de aposentados da segurança, receberam o salário do mês de novembro. O 13º foi depositado apenas para os servidores da educação ativos.

Nesta quinta-feira (5), o governo se comprometeu a depositar a primeira das cinco parcelas do salário de novembro e ainda não há planejamento para o depósito dos vencimentos referentes a dezembro.

Questionada sobre a compra, a Secretarias de Fazenda informou que "cada secretaria é responsável pela gestão das compras e dos contratos". A Secretaria de Segurança, por sua vez, não se pronunciou e informou que a compra é de responsabilidade da Polícia Militar.

A Polícia Militar não comentou o gasto realizado em dezembro e afirmou, em nota, que "a compra de armamentos não letais é realizada a partir de estudos estratégicos". "As previsões para as compras correspondem a análises táticas --e, portanto, sigilosas-- por se tratarem de informações de segurança pública", informou o órgão.

Para o especialista em administração pública e professor da Uerj (Universidade Estadual do Rio de Janeiro), Rafael dos Santos que, assim como os colegas, ainda não recebeu, a compra parece ter uma relação mais forte com as manifestações do que com a política de segurança do Estado.

“Essa compra, feita nessa data, no apagar das luzes do ano, quando já se sabia que não se teria como o governo pagar o mês de novembro para o funcionalismo, é muito simbólica”, afirma. “Me parece que o Estado está adquirindo esse equipamento para se proteger das manifestações que sabe que virão em 2017 do que por uma necessidade imperiosa.”

Nesta quinta-feira, os servidores planejam caminhar até a sede do governo, em Laranjeiras, em protesto pelo não pagamento do 13º e o parcelamento dos salários.

A Alerj adiou para 2017 a votação da principal medida do pacote anticrise, que amplia a contribuição previdenciária dos servidores para 14% e devolveu projeto que adia para 2020 o reajuste de salários da área de segurança pública, prometido pelo governador Luiz Fernando Pezão antes das eleições de 2014.

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