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Polícia encontra mais dois corpos enterrados em cozinha de presídio de Boa Vista

Brasil já soma quase 16 mortes por dia em penitenciárias em 2017

UOL Notícias

Luan Santos

Colaboração para o UOL, em Boa Vista*

07/01/2017 17h46Atualizada em 08/01/2017 11h01

Mais dois corpos foram encontrados na Penitenciária Agrícola de Monte Cristo, em Boa Vista, na tarde deste sábado (7). Os corpos estavam enterrados na ala chamada de "cozinha" e foram encontrados por forças de segurança que faziam buscas no local após o massacre que terminou com a morte de 31 presos na sexta-feira. 

O governo do Estado de Roraima ainda não informou a identidade dos presos e nem se as vítimas foram mortas na rebelião. Os corpos serão removidos e levados para o IML para o trabalho de identificação e liberação.

7.jan.2017 - Carro do IML (Instituto Médico Legal) retira corpos de presos enterrados na ala da cozinha da Penitenciária Agrícola Monte Cristo, em Boa Vista (RR), após massacre de 33 detentos na unidade prisional - Luan Santos/UOL - Luan Santos/UOL
Carro do IML retira corpos de presos enterrados na penitenciária
Imagem: Luan Santos/UOL

O secretário-adjunto de Justiça e Cidadania do Estado, Francisco Carlos, disse que as mortes "provavelmente ocorreram no mesmo evento [o massacre]". Segundo ele, as buscas por mais corpos continuam. 

Também neste sábado, a Secretaria de Justiça e Cidadania de Roraima divulgou os nomes dos 31 detentos mortos na penitenciária, a maior do Estado.

A maioria dos mortos, segundo a listagem, foi presa por tráfico de drogas (18 detentos) e roubo (12). Há ainda os que foram penalizados por homicídio (7) e estupro (3). Um preso pode cumprir pena por mais de um crime.

Quatro deles dormiam na cozinha do presídio, que está com o número de internos acima da capacidade.

Segundo a Secretaria Estadual de Justiça e Cidadania (Sejuc) de Roraima, havia 1.475 presos na unidade no momento do massacre --a capacidade é para 750 detentos. Do total, mais da metade (898) é de presos provisórios, ou seja, à espera de julgamento. Outros 458 detentos estavam no regime fechado, e cem, no semiaberto.

Ontem, o secretário de Justiça do Estado, Uziel Castro, atribuiu o massacre a uma "ação de política e propaganda" do PCC (Primeiro Comando da Capital). Em entrevista ao UOL, Castro afirmou que os assassinados eram "presos comuns", provisórios e condenados, mas sem ligação com facções criminosas.

Os dois corpos foram encontrados neste sábado após Castro informar que familiares de presos da penitenciária agrícola disseram a policiais que haveria pelo menos mais dois corpos enterrados no complexo.

A dona de casa Simone Conceição, mulher de Jaime de Conceição Pereira, detento de Monte Cristo, buscava informações sobre o preso pela manhã. "Ele não é bicho para ficar enterrado lá", disse ela.

Após a crise no complexo, o governo de Roraima pretende pedir novamente ao Ministério da Justiça a ajuda da Força Nacional de Segurança Pública. A governadora Suely Campos (PP) havia solicitado no ano passado a ajuda do governo federal para controlar rebeliões nos presídios estaduais, mas o pedido foi negado à época.

*Com Estadão Conteúdo