Confronto em protesto no Rio deixa ao menos um manifestante e 6 PMs feridos
Do UOL, em São Paulo
09/02/2017 22h30
Ao menos sete pessoas ficaram feridas durante o confronto entre a polícia e manifestantes nesta quinta (9), no Centro do Rio, enquanto servidores públicos protestavam contra o pacote de austeridade proposto pelo governo do Estado e a privatização da Cedae (a empresa de água e esgoto fluminense).
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Segundo a Polícia Militar, seis integrantes da corporação ficaram feridos durante a manifestação. Em nota, a PM afirmou que foi atacada "por um grupo de mascarados, que atiraram pedras, rojões e coquetéis molotov contra as equipes".
Um homem foi preso, segundo a corporação, jogando pedras contra os policiais. A corporação também divulgou fotos de rojões apreendidos com manifestantes.
Já de acordo com a Aerj (Associação dos Estudantes Secundaristas do Rio de Janeiro), o estudante Carlos Henrique Senna, de 18 anos, teve o intestino e o fígado feridos por uma bala de plástico duro perfurante durante o confronto. A Secretaria Municipal de Saúde confirmou que Senna foi operado no hospital Souza Aguiar, no centro do Rio.
A secretaria não informou qual o estado de saúde de Senna, nem se ele foi alvo de uma bala de borracha ou mesmo se ele estava na manifestação. Segundo Rafael Araújo, tesoureiro da Aerj e que disse estar com Senna no momento em que o estudante foi ferido, ele não corre risco de vida, mas ficará pelo menos 48 horas em observação.
Araújo disse ao UOL que Senna foi baleado na Rua da Assembleia por volta das 15h30, momento em que o confronto em frente à sede da Alerj (Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro) começou. O estudante diz que a polícia estava a cerca de 20 metros do grupo da Aerj, formado por cerca de 40 pessoas.
“Uma bomba da PM instaurou a confusão. Estávamos tentando sair organizadamente. Nessa hora, veio uma rajada de bala de borracha. Pegou na barriga dele, começou a sangrar, botamos ele em um táxi e trouxemos para o hospital”, disse.
Bombas, balas, pedras e rojões
O confronto entre policiais e parte dos manifestantes foi marcado pelo uso de bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha, por parte dos primeiros; e de rojões, coquetéis molotov e pedras, pelos últimos --quase sempre com o rosto coberto.
No entanto, policiais foram fotografados atirando pedras em direção a manifestantes.
Pelo menos um policial também foi registrado exibindo uma arma de fogo durante o confronto.
Um grupo de quatro policiais também foi flagrado agredindo um homem que, de máscara, portava vários rojões.
Os fogos de artifício foram a arma preferida dos mascarados que, além de entrarem em confronto direto com a polícia, depredaram ao menos duas agências bancárias, além de placas e lixeiras que foram usadas como barricadas para tentar impedir a passagem de policiais.
Pelo menos uma loja na avenida Rio Branco, uma das principais do centro do Rio, foi saqueada em meio ao tumulto.
Privatização da Cedae
Toda a confusão ocorreu no momento em que a Alerj se prepara para discutir a venda da Cedae (Companhia Estadual de Águas e Esgotos). Prevista no Projeto de Lei nº 2.345/17, a medida começou a ser discutida na última terça-feira (7), mas foi adiada para hoje. Com a apresentação de 210 emendas ao projeto, a discussão foi novamente postergada, desta vez para segunda (13).
O projeto autoriza o governo a usar as ações da Cedae como garantia para um empréstimo de R$ 3,5 bilhões com a União. A venda faz parte da condição para o Plano de Recuperação Fiscal do Rio de Janeiro, negociado com o Ministério da Fazenda.
Se aprovado, o projeto determina que o governo do Rio terá seis meses para contratar instituições financeiras para avaliar a companhia e criar o modelo de venda. A privatização tem sofrido forte oposição do Movimento Unificado dos Servidores Públicos do Estado, de deputados da oposição e também dos funcionários da Cedae, que decretaram greve e temem pelos seus empregos e pela qualidade do serviço da companhia.