Não é só por eles. Aposentados levam filhos a protesto contra reforma da previdência
A reforma da previdência, cuja proposta do governo Temer é aumentar para 65 anos a idade mínima de aposentadoria e para 49 anos de contribuição o tempo necessário para receber 100% do valor, foi a principal bandeira dos protestos realizados por todo o Brasil ao longo desta sexta-feira (31). Mas não foram só trabalhadores ativos que saíram às ruas. Durante todo o trajeto do ato realizado nesta tarde e noite pelas ruas do centro de São Paulo, era possível ver muitos idosos e pessoas próximas de se aposentar.
O ato organizado pelas centrais sindicais e movimentos sociais saiu da avenida Paulista, por volta das 17h, e seguiu pela rua da Consolação e praça Ramos, em direção à Praça da República.
A reportagem do UOL conversou com alguns aposentados. Eles se mostraram preocupados com o futuro dos filhos que estão no mercado de trabalho e das próximas gerações que serão afetadas diretamente pelas mudanças, mas falaram que estar no protesto significa lutar pelo bem da coletividade.
Otávio Santos, 62 anos, foi com o filho adolescente para a manifestação. "Eu já me aposentei. Estou aqui por causa dele", afirmou.
O aposentado disse que precisou contribuir 36 anos com a previdência para conseguir se aposentar, e que se for preciso trabalhar 49 anos para ter o benefício, o filho nunca se aposentará.
"Eu só recebo 70% do que recebia por causa do fator previdenciário. Quando ele tiver a minha idade, nem isso ele vai conseguir se essa reforma for aprovada. Estou aqui para garantir o direito dele", disse.
Antonio Funari, 75, foi sozinho ao ato. "Vim porque direito é uma coisa que não se tira. O povo não pode pagar a conta", afirmou o advogado aposentado.
Ele contou que tem apenas um filho, de 44 anos, e que todos estão preocupados com o futuro dele. "Se for depender desse governo ele não vai se aposentar nunca", disse.
Rosa Caro, 61, também compareceu à manifestação contra a reforma da Previdência proposta pelo governo Temer. Ela se aposentou como funcionária pública e precisou contribuir 30 anos para receber o benefício.
"Meus filhos já estão trabalhando. Estou aqui por eles, mas estou aqui pela coletividade, porque lá em Brasília eles só pensam na individualidade deles. Já sou aposentada, quero que as pessoas continuem tendo direito a se aposentar. 49 anos é muito tempo", opinou.
Ainda faltam oito anos para que a professora da rede pública Marleusa Moreira Pacheco se aposente. Ela disse estar preocupada, não por ela, mas pelos seus alunos.
"Vim para o protesto por causa dos meus alunos de ensino médio que já já vão entrar no mercado de trabalho. Imagina ter que trabalhar 49 anos para conseguir se aposentar?", disse.
Marleusa levou os dois filhos à manifestação. "O menor tem 16 anos. Se a reforma for aprovada vai ter que começar a trabalhar desde já e de carteira assinada para conseguir a aposentadoria. Difícil com esse projeto de terceirização".
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