Justiça manda prender 13 policiais por massacre de sem-terra no Pará
A Justiça do Pará acolheu pedido do Ministério Público Estadual e determinou a prisão temporária, nesta segunda-feira (10), de 11 policiais militares e dois policiais civis que atuaram durante o massacre de dez trabalhadores rurais no município de Pau D'Arco, no dia 24 de maio.
A prisão tem prazo inicial de 30 dias, podendo ser prorrogada por igual período. Os policiais participaram da operação para cumprimento de mandados na fazenda Santa Lúcia, ocupada na época por sem-terra.
Os policiais afirmam que houve troca de tiros durante a ação, mas a perícia concluiu que nenhum dos carros ou coletes dos policiais foi alvejado, reforçando a versão das vítimas de que os policiais chegaram atirando ao local.
O pedido de prisão foi feito pelos promotores de Redenção Alfredo Martins de Amorim, José Alberto Grisi Dantas e Leonardo Jorge Lima Caldas. Segundo o MP, policiais federais estão nas ruas na tarde desta segunda-feira para cumprimento dos mandados de prisão.
Os policiais estavam afastados das suas funções desde o dia 26 de maio, por determinação do governo do Estado.
A prisão dos policiais foi determinada dois dias após a morte a tiros de um líder camponês do movimento de ocupação da fazenda. Ele foi morto no sábado com três tiros, na cidade vizinha de Rio Maria --para onde fugiu após receber ameaças.
A Secretaria de Segurança Pública do Pará informou não descartar a hipótese de o crime ter ligação com o massacre, apesar de não ter ainda pista dessa versão. O caso está sendo investigado.
O massacre
O massacre dos sem-terra ocorreu quando os policias foram cumprir mandados judiciais no acampamento referentes à investigação do assassinato de um segurança da fazenda dias antes. Eles teriam sido acompanhados por seguranças da fazenda. Os policiais dizem que foram recebidos à bala e reagiram. O caso teve repercussão internacional e foi a maior chacina no campo desde Eldorado dos Carajás, também no Pará, em 1996.
Parte das terras da fazenda, de 5.694 hectares, foram ocupadas pelos trabalhadores em novembro de 2013, quando pediram a desapropriação. As polícias Civil e Federal e o Ministério Público do Pará investigam o caso.
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