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Missa de 7º dia de carroceiro morto por PM vira protesto contra violência em SP

Participantes da missa de sétimo dia de Ricardo de Oliveira Santos vira protesto na Sé - Luís Adorno/UOL
Participantes da missa de sétimo dia de Ricardo de Oliveira Santos vira protesto na Sé Imagem: Luís Adorno/UOL

Luís Adorno

Do UOL, em São Paulo

19/07/2017 13h41Atualizada em 18/08/2017 11h13

A missa de sétimo dia do carroceiro Ricardo de Oliveira Santos, 39, morto no último dia 12 por um policial militar em Pinheiros, zona oeste de São Paulo, se tornou um ato de repúdio à violência. Centenas de pessoas, incluindo catadores e moradores de rua, se reuniram na Catedral da Sé, no centro da capital, no início da tarde deste quarta-feira (19). 

Com faixas de repúdio à letalidade policial, e em lembrança ao carroceiro, o ato contou com a presença da mãe de Ricardo, Aristildes Silva Santana, 54, que chorou durante toda a cerimônia.

19.jun.2017 - Sabatella na missa - Luís Adorno/UOL - Luís Adorno/UOL
A atriz Leticia Sabatella participa de ato na Catedral da Sé
Imagem: Luís Adorno/UOL

O padre Julio Lancelotti, da Pastoral do Povo de Rua, afirmou durante a missa que o "catador que foi executado representa milhares de pessoas" vítimas da violência e que o ato deixa um recato direto: "Todas as pessoas têm o direito de viver". "Qual é a solidariedade que esse acontecimento desperta na sociedade? O que a morte de mais um irmão desperta na nossa consciência? De não à violência, não ter medo do outro. O que nós esperamos é, sim, a Justiça, para esse irmão e para tantos outros", completou.

Para o ouvidor das Polícias de São Paulo, Julio Cesar Neves, presente na primeira fileira da missa, o "ato do PM foi desproporcional e gratuito. Dava para se evitar". A ouvidoria diz querer acompanhar a análise das imagens obtidas pela Corregedoria da corporação para cobrar "justiça", junto ao MP (Ministério Público).

19.jun.2017 - Missa 7º dia morador de rua assassinado - Luís Adorno/UOL - Luís Adorno/UOL
Manifestantes protestam após missa de sétimo dia do carroceiro morto
Imagem: Luís Adorno/UOL

O jornalista Audálio Dantas, que reivindicou a morte de Vladimir Herzog durante a ditadura militar na mesma Catedral da Sé enquanto era presidente do sindicato dos jornalistas, disse que "mais uma vez estava à frente da catedral para falar sobre uma morte cometida pelo Estado".

A atriz da Globo Letícia Sabatella também esteve presente no ato. Na escadaria da catedral, ela afirmou que estava na missa com "com extremo pesar e solidariedade e com todo respeito ao que é viver nas ruas". "Estamos juntos na luta pela dignidade, que, hoje, transforma o ser humano em algo perecível", disse.

O ato chegou ao fim com o público entoando cantos de fim da Polícia Militar e gritos de "polícia assassina".

A Corregedoria da PM investiga as circunstâncias do crime. Segundo a SSP (Secretaria da Segurança Pública), o DHPP (Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa), da Polícia Civil, instaurou inquérito e ouviu testemunhas. A arma do PM envolvido na ocorrência foi enviada para perícia e o policial, afastado de atividades operacionais.