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Centro espiritual no Rio sofre 3º ataque em 2 semanas, e secretário acusa "milícias religiosas"

16.ago.2017 - Peritos da Polícia Civil estiveram no local para avaliar bomba caseira lançada contra a Casa do Mago, na região da Lagoa, área nobre do Rio - Alessandro Buzas/Futura Press/Estadão Conteúdo
16.ago.2017 - Peritos da Polícia Civil estiveram no local para avaliar bomba caseira lançada contra a Casa do Mago, na região da Lagoa, área nobre do Rio Imagem: Alessandro Buzas/Futura Press/Estadão Conteúdo

Do UOL, em São Paulo

16/08/2017 12h22Atualizada em 16/08/2017 17h00

O centro espiritual Casa do Mago, no Humaitá, zona sul do Rio de Janeiro, sofreu três ataques com explosivos em pouco mais de duas semanas, sendo o último na madrugada desta quarta-feira (16). O secretário estadual de Direitos Humanos, Átila Nunes, afirmou que "milícias religiosas podem estar por trás de ataques".

Segundo o secretário, as características dos ataques indicam que os atos foram planejados. "Este ato de intolerância religiosa não foi realizado por um 'lobo solitário'. Os criminosos, assim como no último ataque, utilizaram uma bomba caseira, feita com pregos, chegaram de carro e com os rostos cobertos", informou, por meio de nota.

O local foi atacado, além desta madrugada, entre o final de julho e o início de agosto. Ninguém foi preso tampouco identificado pelos ataques, segundo a Polícia Civil, até as 11h30 desta quarta.

Ubirajara Pinheiro, conhecido como Mago, registrou os ataques na 10ª DP (Botafogo), que investiga os crimes. Ninguém ficou ferido com os ataques. "Os policiais analisam imagens colhidas e verificam as possíveis motivações do crime. As investigações seguem em andamento", informou a Polícia Civil.

Entre os frequentadores, Eike Batista

A Casa do Mago é um centro espiritual da nação de umbanda e costuma ser frequentado por políticos e celebridades. Um dos frequentadores é o empresário Eike Batista, que está em prisão domiciliar desde 30 de abril. No ano passado, segundo o jornal Extra, Eike chegou a gastar cerca de R$ 700 mil em oferendas à Iemanjá em uma cerimônia realizada na praia de Ipanema, na zona sul carioca.

Segundo o secretário de Direitos Humanos, "a perseguição não é apenas contra o Mago". Ele argumenta que "a perseguição é religiosa. Ao atacarem um templo de matriz africana, que expõe imagens de santos e cultua os orixás, eles atacam a religião e todos os umbandistas e candomblecistas", afirmou.

No último ano, foram registrados, através do Disque 100, 79 denúncias de casos de intolerância religiosa no Rio. Segundo a secretaria, o número representa um crescimento de 119%, quando comparado ao ano anterior.

A reportagem do UOL procurou Ubirajara Pinheiro, mas, segundo funcionários do centro, ele estava muito abalado e descansava em casa no começo da tarde de hoje.