100 PMs mortos: 4 em cada 10 policiais assassinados reagiram ou foram vítimas de assalto no Rio
Hanrrikson de Andrade
Do UOL, no Rio
28/08/2017 15h20
A cada dez policiais militares assassinados no Estado do Rio de Janeiro neste ano, quatro perderam a vida em circunstâncias envolvendo suposta ação de assaltantes, segundo levantamento feito pelo UOL com base em dados e informações da PM, Polícia Civil e ONG Rio de Paz. Dos cem PMs assassinados neste ano, 42 casos --já confirmados ou com investigação em andamento-- envolvem policiais abordados por criminosos armados, o que inclui as ocorrências onde houve tentativa de reação por parte do militar.
O levantamento feito pelo UOL também revela que cerca de 60% das mortes aconteceram na Baixada Fluminense (32) e na zona norte da capital fluminense (31) (veja abaixo o mapa das mortes) e que a maioria não estava trabalhando na hora do crime.
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A estatística de letalidade policial no ano reúne 53 PMs que estavam de folga, 21 em serviço, cinco que estavam no trajeto casa-trabalho e 21 reformados, da reserva ou licenciados.
O último registro ocorreu no sábado (26), quando o sargento Fábio José Cavalcante e Sá, 39, foi alvejado na frente do pai, em São João de Meriti, cidade da baixada. Ele é o centésimo policial militar morto no RJ em 2017. A marca corresponde a um PM morto a cada 57 horas, isto é, pouco mais de dois dias. Trata-se da maior média desde 2006.
A corporação trata a morte de Fábio Sá como latrocínio (roubo seguido de morte), mas a Polícia Civil também investiga outras hipóteses. De acordo com a primeira análise pericial, a vítima foi baleada mais de dez vezes, sendo que um dos disparos, de fuzil, acertou a cabeça. A dinâmica pode indicar que o crime teria sido premeditado. O caso está sendo apurado pela Divisão de Homicídios.
Dos 42 PMs assassinados em circunstâncias de assalto, de acordo com a suspeita inicial, 29 estavam de folga e dez eram reformados, da reserva ou estavam licenciados. Três estavam a caminho ou voltando do batalhão em dia normal de trabalho.
Além disso, dez foram baleados e mortos porque de alguma forma acabaram sendo reconhecidos como policiais antes, durante ou após a ação criminosa.
Os locais com maior incidência de casos são Nova Iguaçu (Baixada Fluminense), com sete policiais assassinados; Duque de Caxias (também na Baixada Fluminense), com seis; e São Gonçalo (na região metropolitana), com seis.
Cinco corpos carbonizados desde janeiro
Somente neste ano, cinco policiais tiveram seus corpos carbonizados. Um deles, morto em janeiro, foi o do soldado Daniel Cavalcante da Silva, 26, que era lotado na UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) da Ladeira dos Tabajaras, em Copacabana, zona sul do Rio.
O assassinato de Silva foi um dos mais brutais ocorridos neste ano. Capturado por traficantes, ele ainda teve o corpo esquartejado depois de ser torturado e morto a tiros. Os restos mortais foram encontrados dentro de um carro, em Bangu, zona oeste carioca.
Os outros quatro PMs que tiveram os corpos carbonizados são: o subtenente Cássio Ferreira e o sargento Carlos Elias dos Santos Vasconcellos, em janeiro; o sargento Márcio Leandro do Nascimento Martins, em fevereiro; e o cabo José Ricardo da Silva, em data não informada.
O levantamento feito pelo UOL também constatou que, dos cem casos, apenas duas vítimas não foram mortas a tiros. O primeiro registro é de fevereiro, quando o subtenente Marcos Cezar Vieira Tarradt e a mulher foram mortos a facadas, em casa, durante um suposto latrocínio.
Dois meses depois, o soldado Alex Francisco de Carvalho, lotado na UPP Arará/Mandela, estava em serviço quando foi atropelado por criminosos em fuga, em Manguinhos, zona norte.
Patentes e média de idade
Dos cem PMs mortos neste ano, foi possível determinar a idade de 85 vítimas. A média de idade registrada é de 40,6 anos.
A distribuição de patentes na relação de policiais assassinados revela 34 sargentos, 32 soldados, 19 cabos, 14 subtenentes e um tenente.
O batalhão que perdeu o maior número de homens foi o de Mesquita (20º BPM), onde trabalhavam sete dos cem militares mortos. Já 20 deles eram lotados em UPPs.
O PM mais novo era o soldado Gabriel Brasil Soares, 25, morto a tiros em uma tentativa de assalto, em Magé, Baixada Fluminense, quando estava a caminho do trabalho.
O mais velho era o subtenente reformado Valmir dos Santos Tavares, 70, que foi assassinado a tiros em um assalto, na praça de Jurujuba, em Niterói, região metropolitana.
Colaborou Paula Bianchi, do UOL, no Rio