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Quadrilha que cavou túnel e tentou furtar R$ 1 bilhão do BB em SP tem prisão preventiva decretada

Luís Adorno

Do UOL, em São Paulo

04/10/2017 09h43

A Justiça de São Paulo decretou a prisão preventiva dos 16 suspeitos de terem cavado um túnel na zona sul de São Paulo para furtar cerca de R$ 1 bilhão do Banco do Brasil. A decisão aconteceu no fim da tarde desta terça-feira (3), após audiência de custódia. Os suspeitos foram pegos em flagrante, em uma ação da Polícia Civil, na noite de segunda (2).

"A prisão em flagrante dos autuados resultou de investigação policial em curso há cerca de três meses, em que se apurou que os investigados, integrantes de organização criminosa, pretendiam efetuar subtração bilionária do cofre de uma instituição financeira", escreveu a juíza Bruna Acosta Alvarez. A magistrada não concedeu medida cautelar aos 16.

Fernando Santiago, 40, e Alceu Ceu Nogueira, 35, são apontados pela polícia como os líderes da quadrilha. Além deles, foram pegos em flagrante Ailton Júnior, 30, Alex dos Santos, 38, André Moura, 41, Carlos dos Santos, 33, Daniel dos Santos, 22, João de Almeida, 37, Josemar Alves, 31, Marcelo Ferreira, 47, Marcelo Correia, 43, Marcos Chini, 43, Marcílio Campos, 45, Milton Borges, 45, Roberto Herci, 52, e Valdomiro da Cruz, 55.

Eles vão responder por tentativa de furto qualificado e associação criminosa. Entre os integrantes da quadrilha, 12 já tinham passagens na polícia por homicídio, roubo, furto, tráfico de drogas, estelionato e porte de arma. Segundo a polícia, alguns dos assaltantes atuaram em dois grandes roubos a banco no Brasil: o maior do país, em Fortaleza, e o do Itaú, em São Paulo.

Alceu Ceu Nogueria é investigado por ligação com a facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital). Segundo a Polícia Civil, ele participou de um assalto à transportadora de valores Prosegur, no Paraguai, em abril deste ano. Na ocasião, foi roubado, em dólares, uma quantia equivalente a R$ 120 milhões.

A reportagem não conseguiu contactar a defesa dos 16 suspeitos.

Além dos 16 homens presos, a polícia estima que outras quatro pessoas, que colaboraram na escavação do túnel, estão foragidas. As investigações continuam. De acordo com o delegado Fábio Pinheiro Lopes, o investimento da quadrilha foi de cerca de R$ 4 milhões, sendo que, cada integrante, colaborou com R$ 200 mil para compra de estrutura, mantimentos e planejamento do crime.

Os suspeitos teriam admitido participação na quadrilha e confessado o crime.

"Conseguimos levantar a quadrilha e, em 3 meses, começamos a monitorar. Há um mês, identificamos o QG, na zona norte. Vimos uma movimentação anormal. Conseguimos um imóvel nas proximidades. Em uma semana, a gente conseguiu identificar onde seria o túnel. Monitoramos a região e optamos para "startar" (começar) essa operação quando os líderes estivessem reunidos", afirmou.

Segundo o delegado, o roubo deveria ocorrer na próxima sexta-feira (6). "O túnel já estava pronto. Estavam instalando os trilhos e carrinhos para retirar o dinheiro. Eles tinham apoio de bússola. Pela estrutura do túnel, tinha um trabalho forte de engenharia, feito em paralelo à galeria pluvial", disse.

A quadrilha alugou a casa da zona sul por R$ 2 mil em 20 de junho. "Família e proprietária da casa não tinham nada a ver. Usaram documentos falsos para alugar e enganaram elas também. Os bandidos fizeram mudanças estruturais como fechar a porta completamente".