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Hospital do RS vai enviar estoque de pele para tratar feridos em creche de MG

Vídeo mostra pessoas tentando conter fogo em creche

TV Folha

Luciano Nagel

Colaboração para o UOL, em Porto Alegre

06/10/2017 20h14Atualizada em 06/10/2017 20h56

O Hospital da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, por meio do Banco de Peles da instituição, vai enviar nos próximos dias estoques de pele para auxiliar no tratamento de queimaduras das crianças, vítimas de um incêndio criminoso ocorrido na quinta (5) em uma creche na cidade de Janaúba, em Minas Gerais.

O crime deixou nove pessoas mortas, incluindo o segurança Damião Soares dos Santos, 50, que incendiou o local. Entre as vítimas estão sete crianças de 4 anos.

Coordenador do Banco de Peles da Santa Casa, o médico Eduardo Chem conta que foi procurado pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica para ajudar. “A gente encaminha os tecidos [peles] para doação, via Central de Transplantes, e como o Hospital João XXIII, lá de Belo Horizonte, é parceiro nosso, não temos grandes problemas. Existe uma relação muito boa entre nossos hospitais”, explicou o médico cirurgião.

O envio das peles para Minas Gerais depende do quadro de saúde dos feridos internados, entre adultos e crianças. O banco tem disponível cerca de 7.500 cm² de pele, quantidade suficiente para atender a até dez crianças.

Segundo o último boletim do Corpo de Bombeiros de Minas, divulgado nesta tarde, 39 crianças e adultos estão internadas em hospitais de Janaúba, Belo Horizonte e Montes Claros.

Ele explica que, depois de doadas, as peles serão utilizadas nos pacientes como um “curativo biológico”, de forma temporária. “A queimadura do paciente é retirada num procedimento cirúrgico e coberta com esta fina camada de pele. Este curativo fica em média três semanas e depois vai caindo”, diz o médico.

Quanto a uma possível rejeição do organismo durante o tratamento, o cirurgião afirma que a chance é mínima, pois o “curativo biológico” se integra bem às queimaduras. Doze crianças seguem internadas e passam por tratamento nas cidades de Belo Horizonte e Montes Claros.

Referência nacional, o Banco de Peles existe há 12 anos e é um dos mais antigos do país. Da unidade saem cerca de 70% dos transplantes de pele feitos no Brasil. O processo de transplante de pele é feito pelo SUS, depois de solicitado o material pelo hospital. Assim como outros órgãos e tecidos, a pele pode ser retirada e doada após a morte.