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Mais uma vítima de atirador em colégio de Goiânia tem alta de hospital

Na última segunda (23), o atirador da escola de Goiânia foi transferido de uma delegacia a um centro de recuperação de adolescentes infratores - Zuhair Mohamad/O Popular/Estadão Conteúdo
Na última segunda (23), o atirador da escola de Goiânia foi transferido de uma delegacia a um centro de recuperação de adolescentes infratores Imagem: Zuhair Mohamad/O Popular/Estadão Conteúdo

Janaina Garcia

Do UOL, em São Paulo

25/10/2017 12h04

Uma estudante de 14 anos teve alta do Hospital de Acidentados, em Goiânia, nesta terça-feira (24), segundo confirmou hoje (25) a direção da instituição. A adolescente L.F.B. é uma das vítimas do aluno de 14 anos que atirou em estudantes de uma sala de aula do 8º ano do Colégio Goyazes, na capital goiana, na última sexta (20). Além dela, outros quatro alunos ficaram feridos --duas estudantes permanecem internadas. Outros dois, ambos de 13 anos, morreram na hora.

Também vítima do atirador, uma adolescente de 14 anos teve hoje a paraplegia confirmada pelo Hugo (Hospital de Urgências de Goiânia), onde segue internada em estado regular. Além dela, está no Hugo outra vítima de 14 anos internada na enfermaria e sem previsão de alta. De acordo com o hospital, ela está consciente e com respiração espontânea.

"A adolescente apresenta uma lesão na medula espinhal, no nível da 10ª vértebra da coluna torácica, que comprometeu os movimentos dos membros inferiores de forma definitiva. A paraplegia já havia sido diagnosticada no dia de sua admissão, mas não informada até então a pedido de familiares. Ainda não há previsão de alta da UTI", informou hoje o hospital em boletim médico.

Identificada como I.M.S., a adolescente está "consciente, com respiração espontânea" e estado de saúde considerado "regular".

No último domingo (22), a mãe da aluna afirmou à "Folha de S.Paulo" que havia a possibilidade de a filha ficar paraplégica. "Existe essa possibilidade. Foram três balas, uma delas pegou na coluna, mas a gente está pedindo a Deus porque não tem nada concluído ainda", disse.

O autor dos disparos estava apreendido na Depai (Delegacia de Polícia de Apuração de Atos Infracionais), onde o delegado Luiz Gonzaga Júnior, que coordena a investigação do caso, tomou na última segunda (23) o depoimento do pai do adolescente, o major da Polícia Militar Divino Aparecido Malaquias. No mesmo dia, o adolescente foi transferido a um centro de recuperação de adolescentes infratores.

De acordo com o delegado, o major informou que o filho passou por tratamento psicológico há alguns meses, mas não precisou por quanto tempo, nem por qual motivo. "Ele confirmou que nunca, em casa, ninguém ensinou o filho a atirar. Disse que ele aprendeu pela internet", descreveu Gonzaga Júnior.

O major ainda confirmou que a arma utilizada pelo filho, uma pistola calibre .40, pertencia à mulher, também policial, e disse não saber se o filho sofria ou não bullying dos colegas atingidos pelos disparos.

"Ele disse que o filho sempre teve um bom relacionamento familiar, mas que nunca relatou uma eventual situação de bullying ou perturbação psicológica --nem a coordenação ou professores do colégio nos trouxeram que isso poderia ter ocorrido", disse o delegado.

O chefe do inquérito deve retomar nesta quarta (25) os depoimentos. É esperado um sobrevivente de 13 anos que teve alta no último domingo (22), além de parentes das vítimas e elas próprias, à medida em que tenham alta hospitalar. Peritos do caso também podem ser chamados a depor a fim de esclarecer, por exemplo, a disposição dos mortos e feridos na sala em relação ao atirador.

A policial que é mãe do adolescente também será convocada a depor, informou o delegado, assim que tiver alta de um hospital privado para onde foi levada assim que soube do ocorrido. A Corregedoria da PM instaurou procedimento para apurar como o adolescente teve acesso à arma que estava sob a responsabilidade da mãe, que tem mais de 20 anos de corporação.