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"Parecia um furacão", diz morador de bairro devastado por temporal no Rio

Marcela Lemos

Colaboração para o UOL, no Rio

15/02/2018 10h59

O forte temporal que atingiu a cidade do Rio de Janeiro, entre a noite de quarta-feira (14) e a madrugada de quinta (15), deixou ao menos quatro mortos e bairros devastados --árvores caídas, postes tombados e muita lama nas ruas. As regiões mais afetadas foram a norte e oeste da capital fluminense.

O morador do Jardim Guanabara, na Ilha do Governador, Fábio Cavalcante conta que, após a chuva, o bairro ficou com "um cenário de guerra".

Não parecia chuva. Parecia um furacão. O dia amanheceu com várias pedras levantadas, asfalto que cedeu, bueiros fora do lugar, ruas alagadas. Parece um cenário de guerra

No mesmo bairro, na rua Cambaúba, um comerciante conta que perdeu suas mercadorias.

"Alagou tudo. Estamos sem luz. Vou ter que jogar minhas mercadorias fora. Entrou água no meu freezer. Não sei nem calcular o meu prejuízo ainda. Estou tão agoniado que não consigo pensar em nada. Nem para a Light [concessionária de energia] eu liguei ainda. Não esperava por isso", conta Antônio Silva, que mora há 20 anos na Ilha e afirma nunca ter visto um impacto tão grande da chuva.

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Em São Conrado, zona sul do Rio, as ruas continuavam na manhã de hoje com acúmulo de lama e árvores caídas. A dentista Tuane Magi disse que não conseguiu levar a filha para a creche.

"Na primeira tentativa de sair de casa, eu e a minha filha patinamos nesta lama e caímos. Desisti de sair e voltei para casa."

Quem depende do serviço de trens enfrenta grandes atrasos nas viagens.

Trecho da Ciclovia Tim Maia desaba em São Conrado

Band Notí­cias

A circulação dos ramais Santa Cruz e Belford Roxo, da Supervia, estava suspensa até as 10h30. O BRT tem serviço irregular. Nas estações Campinho e Madureira, as catracas foram liberadas por conta da falta de energia.

Já o metrô, segundo a concessionária, funciona normalmente, assim como os aeroportos Santos Dumont e Tom Jobim. Neste último, o serviço de emissão de passaportes e registro de estrangeiro foi suspenso, segundo a PF, pelos estragos ocasionados pela chuva. Quem estava com agendamento marcado para esta quinta terá o atendimento remarcado.

Durante o temporal, três pessoas morreram. Um homem e uma mulher foram vítimas de um deslizamento e morreram em casa, no bairro de Quintino, zona norte. Em Realengo, zona oeste, um policial militar ia para o trabalho de carro, quando uma árvore caiu sobre o veículo e o matou.

A chuva também derrubou um trecho da ciclovia Tim Maia, em São Conrado, na zona sul. A prefeitura recomenda à população que evite circular na cidade na manhã de hoje.

Foram cinco horas em estágio de crise devido à chuva forte, que teve vento e raios. Às 5h30, a cidade retornou ao estado de atenção, mas há ainda pontos de alagamento e bolsões d'água.