Intervenção no Rio é "medida drástica, mas necessária", diz Alckmin
Janaina Garcia
Do UOL, em São Paulo
16/02/2018 12h56Atualizada em 16/02/2018 13h24
O governador de São Paulo e presidenciável, Geraldo Alckmin (PSDB), classificou a intervenção do governo federal no Rio como uma “medida drástica, porém, necessária”. Indagado nesta sexta-feira (16) sobre a medida no Estado vizinho, anunciada na madrugada, o tucano defendeu também a transitoriedade da intervenção.
“É uma medida extrema, mas era necessária; Só que tem que ser transitória”, disse. “Entendo que o governo federal tem que liderar esse trabalho porque, hoje, nosso grande problema é o tráfico de drogas e de armas e a lavagem de dinheiro, que são crimes federais”, complementou.
Veja também
Alckmin falou sobre o assunto hoje durante visita ao início das obras da estação Morumbi, da linha 17-ouro, em sistema de monotrilho.
O tucano também se disse favorável à criação do Ministério da Segurança Pública, cogitado pelo governo do presidente Michel Temer (MDB).
“Sempre defendi a criação do Ministério da Segurança Pública --e Temer agora vai implementar-- e uma agência nacional de inteligência que unisse a inteligência dos Estados, a Abin [Agência Brasileira de Inteligência], as Forças Armadas, a Polícia Federal e o Gabinete de Segurança Institucional para a questão das fronteiras, que sabemos que não é fácil.”, declarou Alckmin.
O tucano ainda citou o exemplo norte-americano. “Os Estados Unidos têm 5 mil quilômetros de fronteira seca com o México; nós temos 17 mil quilômetros de fronteira seca com alguns países, inclusive com países produtores de droga”, finalizou.
Intervenção é inédita desde a redemocratização
O decreto de intervenção deve ser assinado hoje à tarde por Temer. A medida concederá às Forças Armadas a condução da luta contra o crime em um Estado dominado pela violência. Esse tipo de medida é inédito desde a redemocratização do país, em 1985. Com ela, as Forças Armadas assumirão o controle de todas as operações de segurança e comandarão os distintos corpos policiais.
A previsão é que o decreto tenha validade até o fim da presidência de Temer, em 31 de dezembro.
A decisão acontece depois da série de casos de violência ocorridos durante o Carnaval, com assaltos e arrastões em diversos pontos da cidade, e também em um contexto de agravamento contínuo da segurança da capital fluminense, com disputas entre facções criminosas e confrontos com a polícia.
Ontem, o próprio governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, admitiu, sobre a operação de Carnaval: "Não estávamos preparados. Houve uma falha nos dois primeiros dias e depois reforçamos o patrulhamento. Mas acho que cometemos um erro", declarou.
"Fica muito claro para nós que a situação do Rio durante o Carnaval foi lamentável, e os fatos impactaram muito o governo. As novas medidas deverão vir", declarou, após reunir-se com Temer na noite de quarta-feira (15), o ministro da Defesa, Raul Jungmann.
O interventor na área de segurança será o general Walter Souza Braga Neto, que foi encarregado da coordenação das operações durante os Jogos Olímpicos de 2016.