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Risco de migração de criminosos do Rio para outros Estados preocupa, diz Jungmann

O ministro da Defesa, Raul Jungmann - Foto: ABr
O ministro da Defesa, Raul Jungmann Imagem: Foto: ABr

Luciana Amaral

Do UOL, em Brasília

22/02/2018 17h48Atualizada em 22/02/2018 18h09

O ministro da Defesa, Raul Jungmann, afirmou nesta quinta-feira (22) que o crime é nacional e está se internacionalizando e que há uma "preocupação" com a migração de criminosos do Rio para Estados vizinhos por causa da intervenção federal no Estado. “É claro que preocupa”, afirmou.

“Acredito que o futuro Ministério da Segurança debruçar-se-á sobre isso em conjunto com esses governos [estaduais]. Acho que [é um cenário de migração] plausível. Porque essa migração ocorre, por exemplo, dentro do Rio de Janeiro, dentro de Pernambuco, Goiás, onde você tenha uma eficácia maior das forças de segurança, em certa medida, migra, não é? E temos sim [a preocupação], está correta, essa é uma preocupação que temos de ter e que a gente tem que cuidar para que não se corporifique”, declarou.

A declaração foi dada após reunião do Conselho Militar de Defesa em Brasília com o presidente da República, Michel Temer (MDB), em Brasília. Enquanto isso, em São Paulo, o ministro Torquato Jardim se reunia com os secretários de segurança dos três Estados na sede da SSP-SP (Secretaria de Segurança Pública), no centro de São Paulo.

Ao final do encontro, Torquato disse não haver “certeza” sobre as consequências da intervenção federal no Rio para a segurança pública dos Estados vizinhos: São Paulo, Minas Gerais e Espírito Santo. Segundo o ministro, foram requeridas “precaução” e “cooperação” à segurança pública dos três Estados.

Raul Jungmann afirmou ainda que o planejamento da intervenção ainda não está pronto. Ele disse acreditar que um plano seja apresentado até o final da próxima semana pelo interventor, general do Exército Walter Braga Netto.

“Ontem nos falamos [Jungmann e Braga Netto] por telefone. Ele já voltou ao Rio de Janeiro e ele me dizia que espera nos próximos dias, acho que nessa semana não mais, mas possivelmente no início da próxima, estar apresentando [o planejamento]. Ele vai fazer uma [entrevista] coletiva e apresentar tudo o que vocês queiram. Já está decidido isso, ele vai fazê-lo”, disse o ministro.

Na saída, Temer falou rapidamente com a imprensa, mas não comentou sobre os assuntos tratados na reunião e disse que “só faria uma declaração”.

“Tive o prazer hoje de ser convidado pelo ministro Raul Jungmann, pelos comandantes das forças militares para uma reunião e um almoço aqui no Ministério da Defesa. E, ao mesmo tempo, tive a oportunidade de conhecer aquilo que, parceladamente, eu já conheço. [...] Hoje houve uma exposição sistêmica. Tudo aquilo que as Forças Armadas fazem. E depois ainda fui brindado com um almoço muito agradável”, declarou o presidente e foi embora, ao acrescentar que deixaria Jungmann responder às perguntas “mais difíceis”.

Participaram do encontro, além de Jungmann e Temer, o ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), Sergio Etchegoyen, o comandante do Exército, general Eduardo Villas Boas, o comandante da Marinha, almirante de esquadra Eduardo Leal Ferreira, o comandante da Aeronáutica, tenente brigadeiro do ar Nivaldo Luiz Rossato, e o secretário-geral do Ministério da Defesa, general do Exército Joaquim Silva e Luna.

O colegiado tem como objetivo assessorar o presidente da República em relação a normas de organização, preparo e emprego das Forças Armadas. Embora o conselho seja também composto pelo chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, almirante de esquadra Ademir Sobrinho, ele não estava presente. O interventor Braga Netto, também não participou da reunião, segundo informou a Presidência da República.

O ministério informou que esta foi a primeira vez que um presidente da República participou de uma reunião do conselho e fez visita oficial à sede da pasta em Brasília --uma placa comemorativa foi afixada no salão nobre no gabinete de Jungmann. Na chegada, a banda militar tocou o Hino Nacional e Temer passou em revista às tropas. Ele então foi recebido por Raul Jungmann e seguiram para a reunião, a portas fechadas.