Família sentiu 'gosto estranho' em bolo de Natal no RS; três morreram
A família que comeu o bolo de Natal que causou a morte de três pessoas em Torres (RS), notou um "gosto estranho" enquanto ingeriam o doce.
O que aconteceu
O sabor desagradável do alimento teria sido percebido nos primeiros pedaços. A informação é do delegado responsável pelo caso, Marcos Vinícius Veloso, repassada em entrevista à RBS TV.
''Quem comia, logo sentia o gosto estranho'', afirmou. Segundo ele, o menino de 10 anos, que ficou hospitalizado, comeu e também reclamou do sabor.
Zeli dos Anjos, que preparou o doce, chegou a interromper o consumo. Conforme o delegado, diante das reclamações, a aposentada teria colocado a mão sobre o bolo e disse que ninguém mais deveria comer.
Veloso afirmou que as pessoas começaram a passar mal na mesma hora. As quatro mulheres e a criança deram entrada na noite de segunda (23) no Hospital dos Navegantes.
Polícia descarta até o momento a possibilidade de homicídio doloso. As autoridades policiais acreditam que as divergências da família eram consideradas ''normais''.
Produtos mal armazenados
A investigação aponta que Zeli teria tido problemas com sua geladeira. Em novembro, a mulher relatou que o eletrodoméstico de sua casa em Arroio do Sal ficou sem funcionar devido a um curto-circuito após um apagão na cidade.
Ao chegar na casa, Zeli teria sentido um ''cheiro insuportável'' da geladeira. O delegado conta que ela jogou alguns itens, como carne, fora. Enquanto outros, no entanto, teriam sido reutilizados.
Uvas passas e outras frutas cristalizadas teriam sido usadas no bolo um mês depois. ''Não se sabe ainda se esse seria o motivo de ter sido encontrado arsênio tanto na mulher que fez o bolo, como no menino de 10 anos e na Neusa'', explicou.
Arsênio foi encontrado no sangue das vítimas. O elemento químico é considerado impróprio para consumo humano. Sua venda é considerada restrita a laboratórios que produzem pesticidas. Sua ingestão pode levar a problemas cardiovasculares, de rins e fígados e, dependendo da quantidade, gera intoxicação crônica. O elemento é o principal usado para produzir arsênico, veneno perigoso utilizado, normalmente, para matar pragas.
Relembre o caso
Quatro mulheres e uma criança de dez anos procuraram assistência médica depois de comer o bolo. Os pacientes deram entrada na noite de segunda (23) no Hospital Nossa Senhora dos Navegantes.
Duas delas morreram ainda na madrugada da terça (24), e uma terceira morreu na noite do mesmo dia. Elas tiveram parada cardiorrespiratória, de acordo com o hospital. A quarta adulta permanece na UTI e a criança está na sala vermelha—também dedicada a pacientes em estado crítico.
As vítimas foram identificadas como Maida Berenice Flores da Silva, 58 anos, Tatiana Denize Silva dos Santos, 43 anos, e Neuza Denize Silva dos Anjos, 65. Os nomes foram confirmados ao UOL pelo delegado da Polícia Civil de Torres. Maida e Neuza eram irmãs. Tatiana era sobrinha e filha das duas, respectivamente.
O marido de Maida também comeu o bolo e foi ao hospital, mas já teve alta. Eles estavam reunidos para um café da tarde quando começaram a se sentir mal.
A mulher que preparou o bolo também foi hospitalizada, mas buscas foram feitas em sua casa. Nela, investigadores encontraram vários produtos fora da data de validade.
O ex-marido da responsável pela preparação do bolo havia morrido em setembro. Após a nova situação familiar, a polícia vai pedir a exumação do corpo para investigar as causas da morte, de acordo com o delegado titular de Torres, Marcos Veloso.
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