Qual arma foi usada? Quem está investigando? O que se sabe sobre a morte de Marielle
Sob pressão de políticos, OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e instituições internacionais, a Polícia Civil do Rio, que está sob intervenção federal, tenta elucidar o assassinato da vereadora carioca Marielle Franco (PSOL), 38, e de seu motorista, Anderson Pedro Gomes, 39.
Pela ação dos criminosos, a principal linha de investigação é de homicídio doloso (com intenção de matar) e premeditado. Ninguém foi preso até o momento. Veja a seguir o que já se sabe sobre o caso.
Qual a principal suspeita da polícia?
A investigação da polícia aponta para um crime premeditado que teria Marielle como alvo principal. Ainda não se sabe a motivação dos criminosos.
Onde ela foi morta?
No bairro de Estácio, no centro do Rio, a 100 metros de uma estação de metrô e a 700 metros da prefeitura da cidade. Ela estava no banco de trás de um Chevrolet Agile, branco. O motorista também foi morto na ação. Uma assessora que também estava no carro foi atingida por estilhaços e teve ferimentos leves.
Como foi a ação dos criminosos?
Um carro com criminosos emparelhou com o veículo em que Marielle estava, na rua Joaquim Palhares, próximo à estação Estácio do metrô. Após atirarem, eles fugiram em disparada sem roubar nada.
Quantas pessoas participaram do crime?
A polícia ainda não sabe quantos criminosos participaram da ação, mas investiga a possibilidade de um segundo veículo ter participado.
Imagens das câmeras de segurança próximas ao local do crime trazem indícios de que um segundo veículo deu cobertura aos criminosos que estavam no veículo do qual partiram os disparos.
As imagens também mostram, segundo informações da Polícia Civil, que a placa de um dos carros envolvidos no crime é de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense.
Segundo reportagem do jornal "Folha de S.Paulo", os investigadores disseram que imagens das câmeras registraram dois homens parados dentro de um veículo por duas horas no local do evento que a vereadora participou.
Que tipo de arma foi utilizado no crime?
A polícia ainda não sabe que tipo de arma foi usado pelos criminosos. Segundo a perícia, a munição utilizada foi calibre 9 mm, que pode ser disparada por pistolas ou por submetralhadoras.
O calibre 9 mm não pode ser vendido à população. Ele pode ser adquirido legalmente por colecionadores, atiradores esportivos e forças de segurança. Porém é comercializado com poucas restrições no Paraguai e entra no Brasil ilegalmente para abastecer o mercado negro.
Qual a origem da munição?
A instituição informou, por meio de nota, que vai apurar a origem da munição e as circunstâncias envolvendo as cápsulas encontradas no local da morte da vereadora carioca. A informação de que a munição usada pelos criminosos pertence a um lote vendido à PF foi revelada pela TV Globo. Uma fonte ligada à investigação confirmou o fato ao UOL.
Um dos delegados que investigou a maior chacina de São Paulo, quando 23 pessoas foram assassinadas a tiros em agosto de 2015, confirmou ao UOL que munições do mesmo lote foram encontradas ao lado dos corpos à época.
A Polícia Federal está na investigação?
A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, pediu que a Polícia Federal entre nas investigações. O comando da apuração, porém, está com a Polícia Civil do Rio.
Segundo Jungmann, todas as autoridades demandadas serão acionadas, mas a Civil continuará no controle das investigações.
"Temos nossos protocolos estabelecidos. Quem quiser nos ajudar, recebermos ajuda de qualquer instituição, mas a Polícia Civil do Rio tem capacidade para resolver esse caso”, declarou o chefe da Polícia Civil do Rio, Rivaldo Barbosa.
Quantos tiros atingiram a vereadora?
Ao todo, o carro foi atingido nove vezes, sendo que todas as balas foram em direção ao banco traseiro, onde ela estava, segundo a Polícia Civil. Quatro tiros atingiram a cabeça da vereadora. Outros três, a lateral das costas do motorista.
Onde Marielle estava antes de ser morta?
Em um encontro com mulheres negras, onde debateu políticas públicas de inclusão e direitos humanos, na Lapa, centro do Rio.
Como os criminosos sabiam onde o carro dela ia passar?
A polícia acredita que a vereadora foi seguida desde que deixou o evento na Lapa até o momento em que foi assassinada.
Cerca de quatro quilômetros separam os dois locais. No trajeto, o carro em que Marielle estava circulou por diversas ruas movimentadas, sendo atacado no momento em que passava por um local mais ermo.
A polícia também investiga se alguma pessoa envolvida no crime estava monitorando a vereadora durante o evento.
A vereadora tinha recebido ameaças?
Segundo o deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL-RJ), ela não chegou a receber ameaças formalmente, mas sua militância, engajada na proteção de vidas de moradores de comunidades, principalmente contra mortes praticadas por policiais, pode ter sido uma das motivações.
Quais eram suas militâncias?
A vereadora se denominava feminista, negra e criada na comunidade da Maré, na zona norte do Rio. Ela militou por essas três frentes em conjunto. Sua principal militância era pela defesa dos moradores de favelas, principalmente os negros e mulheres.
No último sábado (10), denunciou supostos abusos do 41º batalhão, de Acari, o que mais matou pessoas nos últimos cinco anos, segundo o ISP (Instituto de Segurança Pública).
* Com reportagem de Carolina Farias, Léo Burlá, Luís Adorno, Luis Kawaguti, Paula Bianchi e Silvia Ribeiro, e colaboração de Lola Ferreira e Marina Lang
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