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Interventores dizem que vão punir militares que participarem de "bailes do crime" no Rio

Participantes de baile organizado pela milícia presos na zona oeste do Rio

Luis Kawaguti

Do UOL, no Rio

12/04/2018 15h05

Após a operação em um baile organizado por um milícia que deixou cerca de 160 presos –entre os quais três militares das Forças Armadas --, na zona oeste do Rio, a cúpula da intervenção federal decidiu fazer um alerta para os membros das Forças Armadas: quem for pego em bailes organizados pelo crime vai ser punido, mesmo que não esteja ligado diretamente a organizações criminosas.

A operação contra a milícia aconteceu na manhã do último sábado (7) em um sítio em Santa Cruz. Ao invadir o local, a Polícia Civil entrou em confronto com milicianos. Quatro suspeitos foram mortos, 30 fuzis e 20 pistolas foram apreendidos.

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Após uma audiência de custódia na manhã de quarta-feira (11), todas as prisões foram mantidas. Mas, segundo o defensor público, João Gustavo Fernandes, que atende 25 dos suspeitos, entre os detidos estariam pessoas não envolvidas com o crime organizado. Elas estariam no local apenas para participar da festa.

O chefe da milícia, Wellington da Silva Braga, o Ecko, conseguiu escapar da ação.

O UOL apurou que a cúpula da intervenção federal diz acreditar que alguns dos suspeitos detidos podem não ter “correlação direta” com o crime organizado, mas cada caso específico ainda deve ser esclarecido durante a investigação policial.

Porém, os interventores decidiram que ao menos os três militares (dois do Exército e uma da Aeronáutica) flagrados no local serão punidos, mesmo que não seja comprovada sua ligação direta com a milícia. Eles poderão receber desde repreensão verbal a prisão administrativa e até serem expulsos da força, com base no Regulamento Disciplinar do Exército. Um bombeiro também foi preso, mas a medida não seria estendida a ela.

O documento descreve como motivo para punição “frequentar lugares incompatíveis com o decoro da sociedade ou da classe”.

Os interventores disseram em reunião interna nesta semana que pretendem, a partir de agora, adotar uma política de tolerância zero com militares que frequentem eventos e festas onde pessoas estejam portando armas ou consumindo drogas abertamente.

Eles sabem que não podem regular a conduta pessoal da população civil que esteja nesses locais sem cometer crimes. Mas, podem usar normas internas para regular a conduta pessoal dos militares. A ideia seria dar um exemplo à sociedade, para desestimular a cultura existente em algumas regiões do Rio de Janeiro de que seria “normal” frequentar bailes funk ou eventos organizados por traficantes de drogas ou por milicianos.

Dados

A Secretaria da Segurança Pública divulgou em sua conta no Twitter na manhã desta quinta-feira (12) que entre os anos de 2008 e 2018 foram realizadas 1.514 prisões de milicianos no Rio. Neste ano estão sendo contabilizados 204 casos.

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