Advogado morto em arrastão a ônibus começaria em novo emprego na próxima semana
O advogado Felipe Fuschi Amaro, 24, estava radiante e cheio de planos: com o registro da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) em mãos havia menos de um mês, começaria a trabalhar na semana que vem em um escritório de advocacia e já se organizava para abrir o seu próprio o quanto antes.
Os sonhos foram interrompidos na tarde dessa quinta-feira (19) em um arrastão ao ônibus em que Amaro estava: além dele, morreram o policial militar Elton Ricardo Cunha, que teria reagido ao assalto, e um suspeito de envolvimento com o crime, Damião Barbosa Sousa.
A descrição sobre o jovem advogado foi dada pela prima, Juliana Fuschi Fidêncio, 35. A mãe, Erika Fuschi, está em choque. A reportagem falou com ambas no momento em que olhavam o álbum de formatura de Amaro, que acabou de chegar.
Ele se formou em direito pela FMU (Faculdades Metropolitanas Unidas) no fim do primeiro semestre do ano passado. Emocionada, Erika preferiu que a sobrinha descrevesse seu filho.
Além dos planos profissionais, o advogado, torcedor fanático do Corinthians, deixou mulher e uma filha de nove meses. A família vivia em Diadema, na Grande São Paulo.
“Eu soube do que havia ocorrido já perto da meia-noite. Minha mãe e minha tia, mãe do Felipe, souberam umas 22h. É uma tragédia o que aconteceu”, lamentou Juliana.
“Ele estava super-feliz porque havia acabado de se formar e passado na prova da OAB; pegou a carteirinha dele [da Ordem] não tem nem um mês. Ele havia feito um estágio na Prefeitura de São Paulo e começaria semana que vem em um escritório de advocacia. Já havia comprado até a roupa para o trabalho novo. Ele queria abrir o próprio escritório e estudava para se aprofundar em direito tributário”, relatou. "Mas o maior sonho, mesmo, era ser delegado", completou.
De acordo com a prima de Amaro, ele “nunca andava de ônibus, não gostava”. “Ele vendeu o carro dele e usava o carro da mãe quando precisava. Ontem, saiu para comprar algo e ninguém entende por que ele foi de ônibus”, disse.
O que fica do primo? “Fica o exemplo de um sujeito muito determinado, estudioso, que lutou demais para conseguir viver e que agora começaria a colher os frutos dele de tanto estudo. Não é apenas mais um número da violência”, definiu.
Nas redes sociais, colegas de formatura também homenagearam Amaro –a quem se referiram como “doutor Felipe Fuschi Amaro”.
“Sim, doutor, esse era o seu sonho, menino dedicado aos estudos, alegre, esforçado, papai de uma linda menina, filho exemplar, Uber pós faculdade pra juntar uma grana, adquiriu recentemente a tão sonhada OAB, realizou com êxito a sua primeira audiência trabalhista... enfim, um cara muito dedicado. Não temos palavras pra descrever a nossa revolta e tristeza perante esta tragédia... você não merecia partir assim tão jovem e tão cheio de vida”, escreveu uma amiga.
Amaro será sepultado nesta sexta-feira (20) no cemitério Vale da Paz, em Diadema.
Testemunha viu jovem baleado: “Orei por ele”
A reportagem falou também com uma mulher que disse ter visto o advogado, já baleado no peito e prestes a sofrer uma parada respiratória, no local do crime. Ele chegou a ser levado para um hospital, mas não resistiu. Alegando medo, ela pediu para não ser identificada.
“Sempre tem assalto nessa região. Ontem, eu estava no ponto de ônibus e corri na hora do tiroteio, entrei em um salão de beleza. Assim que acalmou, voltei, e vi que tinha alguém no chão praticamente sem vida”, contou.
Ela afirmou ter procurado o nome da vítima e encontrado, pelas notícias, que se tratava do advogado. “Esse rapaz estava no chão praticamente tendo uma parada respiratória por conta do tiro no peito. Orei por ele e vi ali um sonho interrompido”, concluiu.
O crime
O arrastão foi registrado na avenida Engenheiro Armando de Arruda Pereira, próximo à divisa entre São Paulo e Diadema, no ônibus da EMTU fazia a linha Jabaquara/Ferrazópolis. O veículo parte do Terminal Jabaquara, na zona sul.
Segundo as informações da Polícia Militar, três suspeitos iniciaram o arrastão dentro do veículo. Um dos passageiros, o policial militar de folga Elton Ricardo Cunha, reagiu ao assalto e acabou baleado cinco vezes --na cabeça, nas mãos e no abdômen. Ele morreu.
Na troca de tiros, um dos homens envolvidos no arrastão e com passagem por roubo foi baleado e morreu no local. O advogado foi baleado no peito e chegou a ser socorrido ao hospital, onde morreu.
Outras duas passageiras foram atingidas pelos disparos e seguiam internadas, à tarde, sem gravidade.
O caso é investigado pelo 26º Distrito Policial no Sacomã.
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