Em ano de intervenção, tiros em grandes vias do Rio aumentam 80%
Em 2018, oito grandes vias da região metropolitana do Rio de Janeiro registraram 419 tiros ou tiroteios nos seus arredores, segundo relatório anual do Fogo Cruzado, laboratório de dados que monitora a violência no estado. O número é 80% maior do que o verificado em 2017, quando foram registrados 234 tiros ou tiroteios nas mesmas vias.
Entre 16 de fevereiro e 31 de dezembro do ano passado, a segurança pública do estado ficou sob o controle das Forças Armadas -- período em que vigorou o Decreto de Intervenção Federal assinado pelo ex-presidente Michel Temer (MDB).
As vias citadas pelo relatório, obtido com exclusividade pelo UOL, são a avenida Brasil, as linhas Vermelha e Amarela, a Transolímpica, a autoestrada Lagoa-Barra, a estrada Grajaú-Jacarepaguá, a avenida das Américas e a estrada do Alto da Boavista, que liga as zonas norte e oeste.
A avenida Brasil apresentou o maior aumento no número de registros --de 137 casos em 2017 para 225 no ano passado. A via corta boa parte da região metropolitana e passa pelas região central da capital, além cruzar bairros das zonas norte e oeste e margear municípios da Baixada Fluminense.
Para a gestora de dados do Fogo Cruzado e doutora em sociologia, Maria Isabel Couto, os números retratam uma lógica de operações de forças de segurança feitas em comunidades próximas a essas vias baseadas em confrontos diretos.
"É o reflexo direto do aumento da capacidade operativa proporcionada pela intervenção federal. Nesse período, houve uma aumento na lógica do enfrentamento, que se traduz em confrontos com grupos criminosos que, em muitos momentos, interferem no 'vai e vem' dessas vias", explica.
A reportagem do UOL entrou em contato com a Secretaria de Polícia Militar para comentar os dados, mas ainda não obteve retorno.
No total, a intervenção federal na segurança pública do Rio gastou cerca de 70% da verba de R$ 1,2 bilhão destinada pela União a investimentos no estado. Entre os números considerados positivos pela Secretaria de Segurança, divulgados com o fim do decreto, estão a redução de 6% no número de homicídios no estado e a queda de 7% no total de roubos.
O número de mortos pela polícia, por sua vez, aumentou 38% --o que, segundo a secretaria, "está relacionado à retomada da capacidade operacional das polícias".
O levantamento do Fogo Cruzado leva em consideração registros de disparos isolados de armas de fogo ou tiroteios feitos em um raio de 300 m das margens das vias, a fim de calcular o impacto no tráfego.
O Fogo Cruzado faz seu relatório com base nas notificações dos usuários do aplicativo, além de contar com relatos de uma rede de colaboradores e parceiros em comunidades fluminenses. Os informes são cruzados com notas oficiais das polícias do estado e notícias publicadas pela imprensa.
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