Governo do Acre afasta secretário suspeito de ter elo com Comando Vermelho
Após reportagem publicada pelo UOL na manhã desta quarta-feira (30) revelar que uma investigação do MP (Ministério Público) e da Polícia Civil do Acre encontrou uma ligação entre o secretário da Polícia Civil, delegado Rêmulo Diniz, e a facção criminosa CV (Comando Vermelho), o governo do estado decidiu afastá-lo do cargo. O delegado Getúlio Monteiro de Castro Teixeira, amigo de Diniz, assumiu a função interinamente.
Em nota divulgada às 13h de hoje, o governo comunicou o afastamento do secretário Rêmulo Diniz "até que as investigações que transcorrem no âmbito da Justiça estadual sejam devidamente esclarecidas".
Ao UOL, o delegado Rêmulo Diniz negou as acusações. "Como assim fui investigado? Nunca soube de qualquer investigação me envolvendo. Nunca fui chamado pela polícia, Ministério Público ou Judiciário. Agradeço por me informar", disse na manhã desta terça-feira (29), por telefone.
Diniz foi indicado ao cargo pelo vice-governador Major Rocha (PSDB). À reportagem, o tucano havia afirmado que, caso as informações se comprovem verdadeiras, "medidas graves" seriam tomadas. Rocha também criticou o vazamento das informações e que iria pedir a instauração de inquérito pelo que chamou de "crime".
O governo afirmou que tanto o governador quanto o vice não se pronunciariam oficialmente sobre o assunto nesta quarta-feira (30). No entanto, o Major Rocha procurou o UOL para confirmar que o secretário foi afastado.
Ele afirmou, também, que o MP disse que Diniz nunca foi alvo de investigação. A informação é verdadeira, uma vez que o Comando Vermelho era o foco principal da investigação que implicou o secretário.
Quanto à amizade entre os delegados Diniz e Teixeira, o vice-governador relativizou.
O Acre é um estado pequeno onde também os policiais se conhecem. Quanto aos delegados, acredito que temos menos de 50.
Major Rocha, vice-governador do Acre
No Acre, a Polícia Civil é administrada por secretaria própria, não estando abaixo da Secretaria de Segurança Pública, como costuma ocorrer na maioria dos estados brasileiros. A rigidez na segurança foi uma das principais bandeiras para Gladson Cameli (PP) ter conseguido ser eleito governador do estado.
Secretário não foi objeto de investigação, diz MP
O MP (Ministério Público) reforçou que Rêmulo Diniz não foi objeto de investigação do órgão. O foco do processo era o Comando Vermelho, mas documentos do inquérito chefiado pelo delegado Alcino Ferreira de Sousa Junior atestam que, durante a apuração, foi constatado que o secretário fornecia informações privilegiadas a um integrante do CV e tentava amenizar ocorrências de homicídios de policiais militares.
A Promotoria também afirmou que a conclusão do inquérito policial "não se vislumbrou qualquer ligação da autoridade policial citada com qualquer facção criminosa", diferentemente do que atesta o documento de 887 páginas obtido pela reportagem:
"Informações existentes no inquérito que eventualmente possam caracterizar desvios de conduta ou atos ilícitos envolvendo a autoridade policial em questão foram encaminhadas pelos membros do Ministério Público que autuaram na investigação, à Corregedoria de Policia Civil e à Promotoria Especializada no Controle Externo da Atividade Policial para fins de apuração", informou a Promotoria, em nota.
A nota, assinada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) foi difundida pelo promotor Bernardo Albano que tem, assim com o delegado Getúlio Teixeira, fotos com o delegado Diniz publicadas em rede social.
A reportagem apurou que se reuniram na manhã desta quarta-feira o vice-governador, os dois delegados e o promotor Albano. O vice-governador afirmou ao UOL que se reuniu apenas com os dois delegados.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.