Brumadinho: buscas chegam a cem dias e vão continuar, dizem bombeiros
As buscas por vítimas do rompimento da barragem da Mina do Feijão, em Brumadinho (MG), chegam hoje a cem dias ininterruptos com a promessa de que não se encerrarão até que todos os desaparecidos sejam encontrados ou não haja mais condições de encontrar corpos identificáveis.
É o que afirmou ontem a jornalistas o porta-voz do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais, tenente Pedro Aihara. "Nos últimos dias, tivemos cinco ou seis localizações de corpos ou segmentos corpóreos. O que mostra que nosso trabalho continua sendo efetivo", disse.
35 pessoas continuam desaparecidas, embora haja corpos ou partes deles no IML (Instituto Médico Legal) no aguardo de reconhecimento da identidade a partir de exame de DNA. Com dois corpos localizados ontem, a Defesa Civil e os Bombeiros contabilizam 235 mortos na tragédia da barragem da mineradora Vale, ocorrida em 25 de janeiro.
Na última semana, as equipes conseguiram mapear onde estão soterrados os piezômetros - tubos que medem o nível de água que precisa ser drenada em barragens. Com essa referência, acreditam que será mais fácil encontrar mais funcionários que trabalhavam na Vale no momento da eclosão.
"Assim, [podemos] restringir os pontos de busca", explica Aihara, que espera encontrar quatro pessoas que estavam na base da barragem durante o rompimento. As imagens delas foram divulgadas pela imprensa pouco tempo após o acidente, mas os corpos ainda não foram localizados.
Rotina de buscas
Os trabalhos dos bombeiros militares de Minas seguem em 17 frentes, cada uma em uma área onde ainda possa haver vítimas.
São entre 130 a 150 homens mobilizados diariamente, das 6h às 23h. "E o trabalho muitas vezes avança pela madrugada, com reuniões de feedback e de planejamento de operações", diz Aihara.
As equipes contam com o auxílio de 100 máquinas pesadas (tipo retroescavadeira) e seis cães farejadores em sistema de rodízio - 40 já passaram pelo local, vindos de várias partes do país. Segundo o porta-voz dos Bombeiros, os animais localizaram cerca de 70% dos corpos.
As máquinas pesadas são empregadas onde há maior quantidade de rejeitos. Elas retiram grandes porções de material que, posteriormente, são reanalisados, na busca de corpos.
"São de três a quatro rechecagens, para garantir que todo o rejeito seja vistoriado", diz Aihara.
Estado dos corpos
Mesmo depois de tantos dias, ainda é possível, segundo Aihara, encontrar corpos identificáveis. O contato com minério de ferro pode atrasar a decomposição.
"Ocorre uma conservação um pouco melhor nessas áreas, mas, ainda assim, como são cem dias, a gente já tem um estado considerável de decomposição", diz.
Até agora, as equipes conseguiram localizar e recuperar mais de 600 segmentos de corpos humanos e animais que estavam pela área atingida pela lama da Vale.
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