Menino de 7 anos salva primo de 3 com técnica de primeiros socorros no PI
Um menino de 7 anos conseguiu salvar o primo de 3 com técnicas de primeiros socorros, anteontem, em Teresina (PI). O caso aconteceu enquanto a família almoçava em casa, e o menino Alírio Davi Barreto se engasgou.
Desesperados, o avô e a tia da criança tentaram socorrê-la, mas não sabiam como agir. Foi nessa hora que o primo Walter Neto Mendes Silva Vaz Barreto disse que sabia o que precisava ser feito.
"Quando eu vi que todo mundo estava desesperado tentando ajudar o Davi, eu fui lá e falei para minha mãe que eu podia fazer a manobra", diz Walter Neto ao UOL. "Então, em umas três tentativas, eu consegui desengasgar o Davi."
A família explica que o menino se engasgou com a comida e que, junto com ela, cuspiu um pedaço bem pequeno de espinha de peixe.
"Foi assim impressionante, porque algo que a gente não conseguiu fazer, uma criança fez sem dificuldade, porque realmente ele não estava nervoso. Pelo fato de eu estar nervosa e o meu sogro também, a gente acabou atrapalhando", afirma Ana Gabriela Silva Vaz Barreto, 30, mãe de Walter Neto.
Segundo a família, as técnicas aplicadas por Walter foram aprendidas em um projeto para crianças do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), conhecido como "Samuzinho".
"Na quinta-feira da semana passada, o Walter tinha ido para o Samuzinho para a aula e tinha errado a manobra com o bebê. Ele falou para a professora dele que estava muito triste, porque não conseguia fazer nada, e horas depois acontece isso, ele salva o primo e a autoestima dele volta", comenta a mãe.
Projeto Samuzinho
O Samuzinho é um projeto voluntário idealizado por profissionais do Samu de Piauí, que começou em 2014 e está em sua terceira turma, com 45 alunos, da qual o menino Walter Neto participa, em Teresina.
O projeto é ministrado em aulas quinzenais para crianças entre 7 e 12 anos e ensina técnicas de primeiros socorros, como reanimação, prevenção de acidentes domésticos, engasgos, como reconhecer uma parada cardíaca, um infarto e um AVC ou como chamar o resgate e demais órgãos públicos.
Voluntária do projeto, a enfermeira do Samu Tânia Rodrigues Furtado, 35, é instrutora do Samuzinho e explica que as crianças têm mais facilidade de aprendizado. "Elas são muito interessadas, pegam as coisas facilmente e são menos inibidas. Elas podem ser multiplicadores nas escolas, em seus grupos sociais. Estamos usando as crianças para conscientizar os grandes", diz.
A manobra utilizada
A técnica usada pelo menino Walter Neto chama-se manobra de Heimlich e serve para desobstruir as vias áreas, em casos de engasgo. Nesse caso, a técnica é usada em todo atendimento pré-hospitalar.
Segundo as técnicas de enfermagem do Samu, Davi teve um engasgo parcial, porque não desmaiou.
"O que engasgou a criança foi o bolo alimentar, não foi a espinha de peixe. Essa manobra não é feita em caso de espinho enganchado na garganta. Ele [Walter Neto] fez o procedimento corretamente, porque, se demorar a fazer, a pessoa perde a consciência e morre por falta de oxigênio", explica Tânia, instrutora do Samuzinho.
Nessa manobra, o socorrista precisa reconhecer rapidamente que se trata de um engasgo e se posicionar por trás da vítima e identificar o diafragma. Para isso é necessário contar cinco dedos acima do umbigo, fechar a mão em punho e começar a pressionar aquele local, onde fica exatamente o diafragma, como se estivesse escrevendo a letra J, empurrando de dentro para cima, até a pessoa expelir o que está impedindo a respiração, de acordo com explicações das técnicas do Samuzinho.
Alerta do Samu
As profissionais do Samu fazem um alerta para que a população se conscientize da importância de conhecer técnicas de primeiros socorros.
"Não dá tempo de a ambulância chegar para desengasgar uma pessoa, tem que ser alguém que esteja ali do lado. Então, se mais pessoas souberem fazer a manobra básica, mais pessoas vão sobreviver", afirma Tânia.
A fama do Samuzinho tem se espalhado pela capital piauiense e despertado o interesse de muitas crianças na região.
"Em todas as turmas, a gente tem notícias de crianças que conseguiram orientar um adulto e conseguiram ajudar, que é esse o nosso objetivo, que as manobras de primeiros socorros sejam disseminadas cada vez mais, porque qualquer pessoa pode realizar e salvar várias vidas", diz Patrícia Marques de França Lima, 30, membro do grupo de educação e urgência do Samuzinho.
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