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Empresário que deu tiro na cabeça tinha posse, mas não podia portar arma

Empresário Sadi Paulo Castiel Gitz - Divulgação
Empresário Sadi Paulo Castiel Gitz Imagem: Divulgação

Carlos Madeiro

Colaboração para o UOL, em Maceió

04/07/2019 18h10

O empresário Sadi Paulo Castiel Gitz, 70, tinha o registro e a posse da arma que tirou sua vida na manhã de hoje em Aracaju, mas não tinha porte para andar armado. A informação é da delegada Thereza Simony, do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa, que investiga o caso.

Pela manhã, o empresário sacou a arma e atirou contra a própria cabeça durante evento com o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, e com o governador de Sergipe, Belivaldo Chagas (PSD).

O tiro foi disparado logo após a fala de Chagas na abertura do evento, que ocorria dentro de um hotel de luxo.

"A questão do suicídio ficou bem clara e apenas vamos fazer o procedimento [de investigação] e encaminhar para a Justiça", disse a delegada.

O velório de Sadi ocorrerá a partir das 8h no cemitério Colina da Saudade, em Aracaju. No sábado, o corpo será levado para Alagoinhas (BA), onde será cremado.

O empresário era proprietário de cerâmica Escurial, com sede em Nossa Senhora do Socorro (na Grande Aracaju). Ele foi um dos convidados do "Simpósio de Oportunidades - Novo Cenário da Cadeia do Gás Natural em Sergipe", em Aracaju.

Em nota, o governo do estado de Sergipe lamentou o episódio e informou que o evento foi cancelado.

Empresa havia fechado portas em maio

A empresa que era presidida por Gitz havia fechado as portas em maio. Em nota, a cerâmica havia afirmado que "o motivo determinante para essa decisão foi o preço do gás cobrado pela concessionária Sergas - Sergipe Gás S.A, empresa do Governo do Estado de Sergipe."

Em entrevistas, o empresário costumava cobrar o governo estadual uma nova política de preços. "Sergipe adota o maior preço do país entre os estados produtores de gás natural", dizia. A empresa tinha 33 anos de atuação no mercado sergipano, e o fechamento causou a demissão de 200 empregados.

A empresária e deputada estadual Janier Mota disse que Sadi demonstrava cansaço com a crise. "Como empresária do mesmo setor, posso dizer que ele já vinha externando o esgotamento de muitos de nós deste setor, por conta da forte crise econômica que estamos passando. Sadi deu a vida por todos os empresários", disse em postagem no Facebook.

Gaúcho de Porto Alegre, Sadi era graduado em matemática, engenharia mecânica e administração. No ano passado, ele recebeu o título de cidadão sergipano por conta dos 30 anos de atuação industrial no estado.

Sadi era casado e pai de cinco filhos e passou pela presidência do Conselho Deliberativo do Sebrae em Sergipe e foi chefe da Superintendência de Transporte e Trânsito e da Empresa Municipal de Serviços Urbanos de Aracaju. Também foi presidente da Associação Comercial e Empresarial de Sergipe.