Presos do semiaberto cumprem pena em barraco separado de presídio no Piauí
Presos do regime semiaberto da penitenciária agrícola Major Cesar de Oliveira, localizada no município de Altos, região metropolitana de Teresina (PI), construíram um barraco para ficarem acomodados separados dos alojamentos da unidade prisional, durante cumprimento de progressão de regime.
Segundo o Sinpoljuspi (Sindicato dos Agentes Penitenciários do Piauí), pelo menos três presos foram vistos morando no barraco, que é dividido em dois cômodos.
A descoberta ocorreu durante visita da direção do Sinpoljuspi (Sindicato dos Agentes Penitenciários do Piauí), na tarde da última terça-feira (2), quando presos realizaram um motim cobrando melhores condições nos alojamentos da penitenciária.
Durante o motim, um agente penitenciário foi baleado acidentalmente pela própria arma e o projétil atingiu de raspão a virilha. O servidor levou sete pontos no ferimento e não corre risco de morte.
O casebre fica ao lado da casa na qual um adolescente de 13 anos foi encontrado pernoitando com um preso condenado por pedofilia e estupro de vulnerável, em outubro de 2017. Na época, o imóvel era usado por presos condenados por estupro para que eles ficassem separados dos demais devido ao tipo de crime que foram condenados.
"Na época em que o menino foi flagrado junto com o preso, esse local era uma cobertura para guardar bicicleta. Quase dois anos depois, vimos a ampliação com essa situação de favela dentro da penitenciária", disse o presidente do Sinpoljuspi, Kleiton Holanda.
A casa e o barraco ficam no terreno da penitenciária, 100 metros depois do pórtico de entrada da unidade prisional. No local não há guarita para policiais militares ou espaço para vigilância de agentes penitenciários. O barraco foi construído com pedaços de madeira, arame, restos de construção, plásticos e telhado. A construção tem porta, janelas e dois cômodos. Os presos usam como porta de entrada um pedaço de plástico.
De acordo com as imagens, dentro do casebre existem duas camas, cada uma em um espaço diferente, pelo menos três redes, fogão, geladeira, ventiladores, aparelho de televisão e varal com várias roupas estendidas. Ao lado do barraco há uma pequena horta.
"Esse barraco não é um abrigo de sol. É usado como moradia de presos porque existem camas, ventiladores, fogão e estão os pertences todos dos presos que estão acomodados lá. O detalhe é que fizeram uma ligação clandestina de energia elétrica para os eletrodomésticos funcionarem", disse Holanda.
O diretor jurídico do Sinpoljuspi, Acacio Castro, afirma que a área em que o casebre foi construído não é monitorada por agentes penitenciários. "Esse barraco de favela está no terreno na penitenciária, mas não se tem o controle dali", diz Castro. "Entra e sai quem quer, tanto que aconteceu aquele problema envolvendo o garoto e a direção da penitenciária até hoje não explicou bem o que realmente aconteceu."
Fuga
Segundo o sindicato, pelo menos 200 presos fugiram pulando as cercas da penitenciária na terça-feira, mas, durante a semana, uma parte se apresentou à unidade prisional alegando que fugiu para não morrer porque eram ameaçados por outros internos.
A Sejus (Secretaria de Estado da Justiça) não confirmou o número de fugitivos, mas afirmou, na noite de ontem, que 15 presos estão foragidos.
Dados do sindicato apontam que antes da fuga a penitenciária agrícola Major César de Oliveira estava superlotada com 604 presos cumprindo progressão de regime semiaberto - a capacidade é de 200 homens.
A Secretaria de Estado da Justiça afirmou que o barraco foi levantado em área fora do módulo de segurança da penitenciária por presos responsáveis pela horta "para servir de abrigo contra o sol." A secretaria afirma, em nota, que a "construção já fora demolida após gestão da pasta estadual ter tomado conhecimento do assunto", sem citar a data da demolição.
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