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Viagem de elefanta resgatada envolve avião, milhares de dólares e escolta

A elefanta Ramba em parque no Chile - Santuário de Elefantes Brasil
A elefanta Ramba em parque no Chile Imagem: Santuário de Elefantes Brasil

Aliny Gama

Colaboração para o UOL, em Maceió

06/09/2019 04h00Atualizada em 06/09/2019 22h49

Uma elefanta que foi explorada por 40 anos em circos na América do Sul virá morar no Brasil. Ramba, de 52 anos, será resgatada do Parque Safári Rancágua, no Chile, por ativistas da causa animal, para o Santuário de Elefantes Brasil, localizado na Chapada dos Guimarães (MT), a 65 km de Cuiabá.

A operação de resgate está programada para acontecer na primeira semana de outubro. Ramba viajará em um voo internacional do aeroporto de Santiago até o aeroporto de Campinas (SP), de onde seguirá de caminhão até Mato Grosso. Devido ao tamanho dela, a operação está sendo detalhadamente planejada para que não haja imprevistos.

Serão 36 horas de deslocamento: duas horas do parque Rancágua até o aeroporto, quatro horas de voo até Viracopos e mais 30 horas de estrada até o santuário. Haverá revezamento de motoristas em pontos de apoio para que o transporte seja ininterrupto.

Para a viagem acontecer, até ontem faltavam R$ 170 mil para completar o pagamento do transporte aéreo do Chile até o Brasil. O transporte de avião custará US$ 150 mil (ou cerca de R$ 625 mil) devido à distância e à localização do parque Rancágua, atrás da Cordilheira dos Andes.

Desde que o santuário conseguiu a liberação da Licença Cites, concedida pelo Ibama (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis), autorizando a importação de Ramba, ativistas tentam arrecadar fundos para o custeio do transporte do animal.

A caixa onde Ramba será transportada - Santuário de Elefantes Brasil - Santuário de Elefantes Brasil
A caixa onde Ramba será transportada
Imagem: Santuário de Elefantes Brasil
Ramba usará uma caixa de transporte que será levada do Brasil até o Chile. A caixa está sendo reformada e reduzida em dez centímetros de altura para caber no avião.

O animal vai conviver com a caixa no seu recinto no parque para que ela se acostume a entrar confortavelmente. "Durante esse processo, serão oferecidos alimentos dentro da caixa, e a elefanta pode entrar e sair sempre que desejar. Essa adaptação deve levar poucos dias", informa o Santuário de Elefantes Brasil.

A elefanta seguirá de caminhão por cerca de 97 km do parque Rancágua até o aeroporto de Santiago, onde embarcará rumo ao Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas (SP). De lá, irá em um caminhão até a Chapada dos Guimarães. O trajeto terrestre no Brasil será escoltado pela Polícia Rodoviária Federal.

Segundo o santuário, durante toda a viagem, Ramba permanecerá consciente. A equipe ministrará doses de florais de Bach para que ela se mantenha tranquila no percurso. "Sedação e medicamentos de uso controlado somente serão usados em casos de emergência", afirma a instituição.

Décadas de exploração em circos

Ramba - Santuário de Elefantes Brasil - Santuário de Elefantes Brasil
A elefanta Ramba em parque no Chile
Imagem: Santuário de Elefantes Brasil
Ramba é conhecida como a última elefanta de circo no Chile. Ela foi confiscada do circo Los Tachuelas, em 1997, pelo SAG (Serviço Agrícola e Pecuário do Chile), por suspeitas de abuso e negligência.

Ainda permaneceu com o circo, mas sem atuar. Foi quando a ONG chilena Ecópolis iniciou campanha para um novo lar.

Ramba vive sozinha em um pequeno celeiro no parque Rancágua, desde que foi resgatada de um circo, em 2012, após ordem judicial obtida pela ONG chilena Ecópolis.

Antes disso, sofreu na mão de treinadores por quatro décadas, fazendo trabalhando pesado nos circos por onde passou. Vivia acorrentada quando não estava nas apresentações circenses.

Apesar da dedicação dos tratadores no parque atual, a elefanta enfrenta a solidão e o frio.

Durante o inverno, ela perde massa muscular por ficar parada tentando se aquecer dentro do recinto. Seu físico fica mais debilitado porque ela deixa de movimentar alguns músculos. Por exemplo, ela não escala a lagoa, como o habitual nos meses de verão.

"O inverno no Chile foi muito difícil para ela, com as temperaturas caindo para baixo de zero grau à noite, durante três meses do ano. Alguns elefantes toleram melhor o frio do que outros, mas Ramba tem dificuldade para se aquecer e treme bastante com a queda de temperatura", diz o santuário.

Além disso, o espaço onde vive é pequeno e inadequado para o porte dela.

"Seu estado de saúde é bom, apesar de possuir abcessos recorrentes na pata dianteira", explica o Santuário de Elefantes Brasil. As cicatrizes e abcessos são por conta de ter sido acorrentada por muito tempo e ferida com ganchos de aço. "Ela já tem comprometimento renal e hepático, por falta de beber água durante o período no circo, o que implica uma dieta e suplementação adequada."

Para contribuir com a campanha "A Jornada de Ramba", pode-se acessar o link https://www.kickante.com.br/campanhas/jornada-ramba ou doar na conta do Santuário de Elefantes Brasil. Também é possível fazer a doação com cartão de crédito ?através do Paypal ou Pagseguro?, fazer uma transferência direta e enviar o comprovante para: doe@elefantesbrasil.org.br.

Associação Santuário de Elefantes Brasil
CNPJ: 21.222.762/0001-02
Caixa Econômica Federal (banco nº 104)
Agência: 1813 - Faria Lima, SP
Conta Corrente: 00002373-3
Código da operação: 003 (obrigatório)

Errata: este conteúdo foi atualizado
Diferentemente do informado no texto, a sigla Ibama quer dizer Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis, e não Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Hídricos. A informação foi corrigida.