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Acidente em Belo Horizonte causa a primeira morte com patinete no Brasil

Renato S. Cerqueira/Futura Press/Folhapress
Imagem: Renato S. Cerqueira/Futura Press/Folhapress

Eduardo Schiavoni

Colaboração para o UOL, em Ribeirão Preto (SP)

08/09/2019 12h49Atualizada em 09/09/2019 16h59

Um acidente com uma patinete elétrica matou Roberto Pinto Batista Jr., em Belo Horizonte. O engenheiro bateu a cabeça em um bloco de concreto ao cair neste sábado. Este é o primeiro acidente fatal motivado pela condução de um patinete elétrico no Brasil.

No último dia 5, um jovem morreu em Anápolis em cima de um patinete, porém o acidente foi causado por um condutor de um automóvel que trafegava na contramão e o atingiu na calçada antes de invadir o prédio da prefeitura com o veículo.

Casos semelhantes ao ocorrido em Belo Horizonte já haviam sido registrados em Paris, na França, e também em Londres, na Inglaterra.

A morte de Batista foi confirmada neste domingo. A família cobra ação por parte da Prefeitura de Belo Horizonte e defende a proibição do serviço na cidade. O engenheiro será enterrado hoje, às 16h, no Cemitério da Colina.

"Não estamos em condições de conversar sobre isso, é tudo muito recente. Mas queremos que a imprensa coloque a boca no trombone, isso está errado. Não pode ter esses patinetes, nem com capacete", disse a cunhada de Batista, Ana Paula Fernandes Sena. Vale lembrar que, de acordo com as leis atuais sobre o uso dos patinetes, o uso de capacete não é obrigatório.

Ana Paula informou ainda que o engenheiro não teve qualquer tipo de treinamento para operar a patinete. "É preciso que aconteça uma tragédia para que as coisas sejam pensadas. Nesse caso, a tragédia foi com a minha família", disse.

Testemunha viu engenheiro com dificuldade na patinete

A falta de habilidade de Batista foi notada por Conceição Cardoso, uma das últimas pessoas a ver Batista com vida. Pelas redes sociais, informou que chegou a notar o empresário enquanto ele lutava para se manter sobre a patinete.

"Ele passou por mim na rua Tupis. Notei que não tinha muita habilidade com o patinete, contorcia o corpo, quase jogava no passeio. A única coisa que pensei na hora foi: Meu Deus, que perigo. Infelizmente, quando cheguei em casa ouvi a notícia", disse.

Vanessa Monerat, que era amiga da família, fala em Batista como uma pessoa determinada. "Aqui em Belo Horizonte, o prefeito tentou fazer com que as empresas fornecessem o capacete, mas não conseguiu. Isso teria salvado o Roberto. Ele era uma pessoa determinada, sempre com ideias empreendedoras. Era muito alegre, sempre disposto a ajudar", informou.

Capitais brasileiras dificultam uso de bicicleta e patinete

Band Notí­cias

Yellow e Prefeitura de BH se pronunciam

A reportagem do UOL procura Grow, empresa que controla as patinetes Yellow e Grin, que enviou uma nota oficial sobre o incidente após a publicação da reportagem.

"A Yellow manifesta seu profundo pesar e solidariedade com os familiares de Roberto Pinto Batista Jr que, de acordo com fontes oficiais, sofreu um acidente fatal ao trafegar com uma patinete em Belo Horizonte neste sábado.

A Yellow está em contato direto com a família de Roberto em BH para prestar todo o apoio possível neste momento e também está em diálogo com as autoridades locais para ajudar a esclarecer de que forma este acidente ocorreu."

A reportagem do UOL procurou a Prefeitura de Belo Horizonte, que também enviou uma nota oficial sobre o incidente após a publicação da reportagem.

"A BHTRANS esclarece que o uso dos patinetes é regulamentado pela resolução do CONTRAN, 465/2013. A Empresa criou um grupo de trabalho que está elaborando uma regulamentação complementar que dispõe, principalmente, sobre as regras de circulação. O grupo tem a participação da BHTRANS, Guarda Municipal, Secretaria Municipal de Saúde, e Secretaria Municipal de Politica Urbana, entre outros".

Capacete não é obrigatório

Segundo o engenheiro de tráfego William Latuff, os equipamentos elétricos de pequeno porte, como patinetes e skates, não são definidos como veículos pelo Código de Trânsito Brasileiro (CTB) e, portanto, não exigem carteira de habilitação.

"Eles não podem exceder a velocidade máxima de 6 km/h em áreas de circulação de pedestres e de 20 km/h em ciclovias e ciclofaixas. Além disso, precisam ter campainha e indicador de velocidade", conta. Ainda segundo Latuf, o uso de capacete, embora recomendável, não é obrigatório.

O empresário Fernando Gonçalves, da Agência de Inovação Superdez, que tem projetos para levar as patinetes elétricas para o interior de São Paulo, defende que a regulamentação para o uso deve ser feita por cada cidade, individualmente.

"O uso da patinete é uma tendência, mas é preciso responsabilidade. Os casos de acidentes graves ocorrem quase sempre por conta da falta de cuidado das pessoas. Claro que as empresas que operam em Belo Horizonte deveriam fornecer os capacetes, mas não adianta ter lei se há falta de cuidado ao usar o equipamento", conta.