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Idoso morto com mais de 60 tiros teria contrariado tráfico de drogas no RS

Idoso foi morto com mais de 60 tiros - Divulgação
Idoso foi morto com mais de 60 tiros Imagem: Divulgação

Hygino Vasconcellos

Colaboração para o UOL, de Porto Alegre

02/10/2019 15h36

As críticas de um idoso de 69 anos à presença do tráfico de drogas na vizinhança podem ter sido uma das explicações para sua morte há uma semana na Zona Sul de Porto Alegre. Na manhã de 26 de setembro, Neri de Moraes estava dentro de uma van quando dois homens se aproximaram e atiraram.

Segundo o delegado Newton Martins, responsável pela investigação, foram encontrados 61 estojos de pistola 9 mm espalhados pelo chão. Não se descarta que mais disparos tenham sido dados com outros tipos de armas. O idoso morreu na hora, enquanto uma mulher conseguiu sobreviver após receber um tiro na cabeça. Ela estava em outro carro rebocando a van, que tinha parado de funcionar.

A hipótese para a morte por represália de uma facção ganhou força após o depoimento à polícia de cinco familiares, que relataram contrariedade de Neri de Moraes a venda de entorpecentes no bairro Cristal. O delegado observa que, na investigação, não se ateve a saber como o idoso demonstrava essas críticas ao tráfico de drogas - se por manifestações públicas ou por comentários com pessoas próximas.

A polícia também levou em conta outro ataque sofrido pelo idoso para considerar essa hipótese. Foi em setembro do ano passado, quando Moraes foi atingido por um tiro no ombro. Desde então, ele passou a andar armado com medo de uma nova abordagem. O delegado acredita que os crimes possam ter ligação, devido às circunstâncias semelhantes. "Algumas pessoas foram indiciadas e agora vamos ver se podem ter participação nesse crime", observa o delegado.

O idoso residia há 30 anos no local e foi morto a 100 metros de sua residência. Era bastante conhecido na região devido ao trabalho com reciclagem. Segundo o delegado, Moraes tinha antecedentes por furto e receptação de peças de carros. Já a mulher não tem antecedentes. Por ser testemunha-chave do crime e por questões de segurança, a polícia não está divulgando detalhes sobre ela, como estado de saúde e hospital em que está internada.

Até o momento não há suspeitos identificados pela polícia e câmeras de segurança que possam auxiliar na identificação dos envolvidos. Além de colher novos depoimentos, os investigadores aguardam receber os laudos periciais.