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Mãe acusada de matar filho por homofobia é condenada a 25 anos de prisão

O jovem Itaberli Lozano Rosa, 17, foi assassinado a facadas em dezembro de 2017 - Reprodução/Facebook
O jovem Itaberli Lozano Rosa, 17, foi assassinado a facadas em dezembro de 2017 Imagem: Reprodução/Facebook

Eduardo Schiavoni

Colaboração para o UOL, em Ribeirão Preto

27/11/2019 23h33

O Tribunal do Júri de Ribeirão Preto condenou a 25 anos e oito meses de reclusão Tatiana Ferreira Lozano Pereira, 34, acusada de matar, com uma facada no pescoço, e depois colocar fogo no corpo do filho, Itaberli Lozano, 17. A motivação do crime, apontada pela promotoria, seria a orientação sexual do adolescente, que era homossexual. A defesa da condenada afirmou que irá recorrer à sentença.

O caso ocorreu em 29 dezembro de 2016, em Cravinhos, cidade vizinha a Ribeirão, mas o corpo de Itaberli só foi encontrado em 7 de janeiro. Os jurados também condenaram Victor Roberto da Silva, 21, e Miller da Silva Barissa, 20, acusados de participarem do plano para matar o jovem, a 21 anos e oito meses de reclusão. As defesas de Victor e Miller informaram que também irão recorrer das sentenças proferidas.

O padrasto de Itaberli, Alex Canteli Pereira, que seria julgado por ter participado do incêndio do corpo e depois na ocultação do cadáver, foi dispensado do júri porque o advogado renunciou a defesa dele, alegando conflito de interesses. Ele será julgado em novo agendamento, em data vindoura.

Segundo o promotor Elizeu Berardo, responsável pela acusação, a sentença reconhece a autoria do crime. "As provas apontam a autoria do crime e também o motivo que levou a ele. Não resta dúvida que o crime foi bárbaro e a punição retratou isso", comenta.

Julgamento foi levado para Ribeirão Preto

O júri foi presidido pela juíza Marta Rodrigues Maffeis Moreira, da 1ª Vara do Júri de Ribeirão. Apesar de o crime ter sido cometido em Cravinhos, houve um pedido para que a Justiça daquela cidade não fosse a responsável pelo julgamento do caso devido à intensa repercussão na cidade.

O julgamento começou ontem, quando 20 testemunhas foram ouvidas, além dos quatro acusados. Nesta quarta, houve as considerações dos advogados e do Ministério Público.

No transcorrer do debate entre Promotoria e defesas, o advogado Hamilton Paulino Pereira Júnior abandonou a defesa do padrasto de Itaberli. Ele desistiu alegando conflito de interesses porque já defendia Tatiana Pereira.

A Juíza, então, suspendeu o julgamento de Alex Canteli e determinou que uma nova data seja marcada e que o tratorista constitua um novo advogado. Se não o fizer em tempo hábil, a Justiça deverá nomear um novo defensor.

O caso

Itaberli foi morto no dia 29 de dezembro, mas seu corpo só foi encontrado, carbonizado, em 7 de janeiro em um canavial da cidade. O crime chocou a cidade de Cravinhos.
A história ganhou repercussão nacional depois que Dario Rosa, tio da vítima, levantou a hipótese de que o homicídio tivesse relação com o fato de Itaberli ser gay, já que a mãe não aceitava a orientação sexual do filho.

Tatiana, que em um primeiro momento assumiu autoria do crime, posteriormente disse que Miller e Victor eram os responsáveis pela morte do adolescente. A investigação, comandada pelo delegado Helton Renz, chegou a uma conclusão diferente do que a segunda versão apresentada por Tatiana. O relatório afirmou que Tatiana e Itaberli haviam tido uma briga na segunda quinzena de dezembro e o jovem foi morar com a avó paterna. "Era uma relação muito conturbada, repleta de brigas e ofensas", declarou, durante o inquérito, delegado.

Segundo a versão policial, a mãe ligou para Itaberli no dia 29 de dezembro e simulou ter feito as pazes e combinou com Miler e Victor para que eles fossem buscar Itaberli na casa da avó e o levassem até a casa da mãe. Quando entraram na garagem, emboscaram o jovem e começam a espancá-lo.

De acordo com a investigação, a mãe, que estava na casa, decidiu então matar Itaberli. Ela golpeou o próprio filho com uma faca na altura do pescoço. Depois da morte, ela ligou para o marido, padrasto do jovem, e pediu ajuda para se livrar do corpo, que foi queimado e jogado em um canavial para ocultar o crime.