Foi um ato de desespero, diz fiscal que salvou criança de cão dentro do mar
Resumo da notícia
- Fiscal trabalhava em praia de SP quando cachorro atacou criança dentro do mar
- "Quando eu ouvi o grito da menina, fui até ela. Nesse ato de desespero, eu entrei na água de roupa e tudo", conta
- Ele diz não ter tido medo de ser mordido, mas sim de que algo acontecesse com a garota
Um ato de desespero e sobrevivência. É assim que o fiscal da Vigilância Sanitária José Ricardo dos Santos classifica sua reação para salvar uma criança que estava sendo atacada por um cachorro dentro do mar em uma praia de Guarujá, no litoral de São Paulo, no último sábado (21).
"Quando eu ouvi o grito da menina, fui até ela. Nesse ato de desespero, eu entrei na água de roupa e tudo", conta Santos. Um colega que presenciou a reação do fiscal fotografou o momento.
Santos diz que, ao notar que o cachorro tentava morder as costas da criança, jogou uma sacola com duas garrafas d'água nele para espantá-lo. "Ele ficou meio grogue e saiu de imediato, largando a menina, e fui tentando escoltá-lo até a saída da praia", diz.
Segundo ele, a garota estava acompanhada de uma mulher e uma adolescente, que foram surpreendidas com o ataque do cachorro e tentavam, sem sucesso, tirá-lo de cima da criança.
Santos afirma que não teve medo de ser atacado pelo cão, mas, sim, de que algo pior acontecesse com a garota.
"No pequeno momento de lucidez que a gente tem [em momentos como esse], pensei: 'O máximo que pode acontecer é ele morder meus braços'. O que fiquei com medo mesmo foi de ele morder uma área mortal da criança", conta.
O fiscal diz que, após o animal sair da água, sua preocupação foi escoltá-lo para fora da areia da praia, evitando que ele atacasse outras pessoas.
A Unidade de Vigilância em Zoonoses foi acionada, mas o cachorro acabou fugindo e não foi mais encontrado. Já a menina teve escoriações na orelha e nas costas, segundo o fiscal, e passa bem após ter sido atendida pela equipe médica do hotel onde está hospedada.
A prefeitura de Guarujá não soube confirmar a identidade e nem idade da menina, já que ela não foi atendida em nenhuma unidade de saúde da rede municipal.
Santos conta que, antes de entrar no mar e atacar a garota, o cachorro já havia chamado a atenção dele e de seus colegas da Vigilância Sanitária por estar avançando contra um senhor que carregava uma criança no colo.
Na tentativa de afastá-lo desse senhor, segundo ele, é que o cachorro entrou no mar e passou a atacar a menina.
"Instinto de sobrevivência"
Santos diz não ver sua atitude como algo heroico. Segundo ele, "foi um ato de sobrevivência".
"Se eu precisasse fazer de novo, eu faria", diz. "Você não pensa 'ah, vou morrer, vou me machucar, vou ser herói'. Acho que isso é o que menos importa. O que importa é que tudo correu bem, a criança teve pequenas escoriações apenas", completa.
Em seus 19 anos trabalhando como fiscal da Vigilância Sanitária, ele diz nunca ter imaginado que um dia poderia estar envolvido em uma situação como essa.
"Acho que é o instinto de sobrevivência que todo mundo tem guardado e em algum momento da vida a gente ativa. O que importa é que deu tudo certo", afirma.
O fiscal ainda faz um apelo para que as pessoas respeitem as leis e não levem cachorros para as praias de Guarujá —uma lei municipal proíbe a presença desses animais.
Como parte da Operação Verão, agentes da Vigilância Sanitária também fiscalizam outras irregularidades, como a existência de tendas, equipamentos sonoros e a realização de churrascos nas praias de Guarujá. Os banhistas podem denunciar irregularidades por meio do telefone 153.
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