PM de SP ameaçado por superior por guinchar carro de vereadora é premiado
O segundo-sargento Alan Fabrício Ferreira, que foi ameaçado em agosto pela tenente-coronel comandante do batalhão de trânsito na região de Marília, no interior de São Paulo, por ter guinchado o carro de uma vereadora da cidade, ficou em 1º lugar em um curso de policiamento de trânsito na capital e, na cerimônia, foi ovacionado pelos colegas de farda.
Em um vídeo gravado por um policial presente à cerimônia, é possível ver que, no momento que o sargento foi chamado para receber seu troféu como 1° colocado no Curso de Especialização Profissional Policiamento de Trânsito Urbano, todos os demais policiais que estavam no local se levantaram para aplaudir o colega de farda.
Em 21 de agosto, o sargento Ferreira decidiu apreender e guinchar o carro da vereadora Professora Daniela (PL) porque o veículo estava com documentos vencidos e pneus gastos. A vereadora ligou naquele momento para a tenente-coronel Márcia Cristal. A oficial ligou para Ferreira, pediu "bom senso" e afirmou que ele não tinha condições de trabalhar no trânsito e, por isso, iria afastá-lo.
Acontece que a ligação da tenente-coronel para o segundo-sargento foi gravada. No dia seguinte, estava nos grupos de WhatsApp de todos os policiais militares da região e também nas mãos de policiais da Corregedoria da PM. A oficial pediu licença de 15 dias após o ocorrido. O caso é investigado internamente.
Na conversa entre os dois, o segundo-sargento afirmou que deu oportunidade para que a vereadora pagasse o valor vencido, mas ela, acompanhada de seu pai, disse que não tinha condições. A tenente-coronel respondeu: "Isso daí é falta de bom senso, tá? Ela é vereadora."
A tenente-coronel continuou: "Olha o que você tá causando, porque politicamente ela é vereadora. Não teve nem uma conversa, o que você está achando que você é?".
A Câmara de Vereadores de Marília aprovou em 31 de agosto, por unanimidade, a abertura de uma Comissão Processante para apurar a conduta da vereadora Professora Daniela. A reportagem pediu uma entrevista com a vereadora, mas, até esta publicação, não foi atendida.
A reportagem também pediu entrevista com a tenente-coronel Márcia Cristal, via assessoria de imprensa da SSP (Secretaria da Segurança Pública), mas também não obteve retorno. A pasta não se posicionou sobre o assunto até esta publicação.
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