Família faz campanha por roupa para menino que teve 100% do rosto queimado
Quem vê o pequeno Marcos Levi Ruiz Pontes correndo e brincando pela casa nem imagina tudo o que o menino já passou. A criança, que tem três anos e mora no Guarujá, litoral de São Paulo, teve 100% da cabeça queimada depois de sofrer um acidente doméstico com uma panela de óleo quente, em junho de 2018. Além da cabeça, o líquido também queimou seus braços e peito e deixou cicatrizes em 30% do corpo da criança.
Oito cirurgias já foram realizadas na tentativa de deixar o menor número de sequelas, mas outras ainda serão realizadas ao longo da infância de Marcos. De acordo com a mãe, a desempregada Alice dos Santos Ruiz, 19 anos, o tratamento do filho é longo e a próxima cirurgia deverá ser realizada quando Marcos fizer sete anos.
"Ele precisa passar um procedimento para descolar a axila, diminuir os queloides e um procedimento capilar. Os médicos pediram para aguardar ele completar sete anos, porque como ele é muito pequeno ainda poderia não resistir às cirurgias", relata Alice.
Para minimizar as marcas deixadas pelas queimaduras no peito e nos braços, a criança passa a maior parte do dia usando uma roupa de compressão e uma placa de silicone que auxilia na recuperação da pele, ajudando que ela fique mais lisa e com menos marcas das queimaduras. A peça, que não é fornecida pelo SUS (Sistema Único de Saúde), custa em torno de R$ 1 mil. Como a criança está em fase de crescimento, a vestimenta precisa ser trocada a cada três meses.
"Tem um projeto em São Paulo que fornece essas malhas, mas devido à pandemia (do novo coronavírus), ele está fechado. Desde o começo do ano não conseguimos pegar as peças lá e estamos tendo que pagar. Como ele se desenvolve muito rápido, as malhas servem por dois, três meses no máximo e é um custo bem alto para a gente", acrescenta a mãe da criança.
Sonho de uma roupa de Homem-Aranha
Desempregada e sem condições financeiras para comprar uma nova roupa de compreensão para o filho, a família lançou uma vaquinha virtual. O objetivo é arrecadar dinheiro para comprar uma malha personalizada do Homem-Aranha, personagem pelo qual Marcos é apaixonado.
"Ele gosta muito do personagem e estar vestido de Homem-Aranha vai ajudar a fazer ele ficar mais com a roupa. As que têm para vender são todas da cor da pele (da criança), mas encontramos um grafiteiro que consegue personalizar as peças para gente", conta a mãe.
Até o fechamento dessa reportagem, no início da tarde hoje, cerca de R$ 6 mil haviam sido arrecadados.
Segundo Alice, com o valor arrecadado na campanha, será possível comprar várias roupas de compressão para o pequeno Marcos, o que garante o tratamento pelos próximos meses.
"Ele já falou que depois da roupa do Homem-Aranha, ele vai querer roupa de outros super-heróis. Então, cada vez que tivermos que trocar a malha devido ao tamanho, vamos tentar fazer um modelo de super-herói diferente", relata Alice.
O acidente com óleo quente
O acidente com a criança aconteceu no dia 6 de junho de 2018, quando Marcos tinha apenas 10 meses. Alice conta que passava férias na casa do irmão, em São Paulo, quando a criança ficou em pé e próxima ao fogão e derrubou uma panela de óleo quente em seu corpo.
"Ele começou a engatinhar naquele dia. Em um minuto que saí de perto, ele ficou em pé próximo ao fogão e bateu na panela. Foi um desespero", relembra a mãe.
A criança foi socorrida e levada para um hospital na capital paulista. Ele ficou internado por quase três meses e passou seu primeiro aniversário no hospital. Durante esse período, ele foi submetido a oito cirurgias para enxerto de pele.
"Ele teve complicações nas cirurgias, rejeição no enxerto, e isso acabou complicando um pouco mais a recuperação dele. Chegamos a pensar no pior", diz Alice.
Hoje em dia, o menino segue fazendo acompanhamento médico em um hospital em São Paulo especializado em queimaduras e passa por atendimento a cada três meses.
Vida normal
Apesar da gravidade do acidente, hoje Marcos vive como qualquer outra criança da sua idade. Alice relata que a criança brinca e corre pela casa toda e não se importa com suas cicatrizes.
"Ele já sabe o que aconteceu e leva com naturalidade. Não tem vergonha das cicatrizes e leva uma vida normal como qualquer criança da idade dele. Ele não sente dores e até brinca que as marcas [cicatrizes] são suas tatuagens", diz a mãe.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.