Família contesta atestado de óbito de vítima de incêndio em hospital no Rio
Herculano Barreto Filho
Do UOL, no Rio de Janeiro
28/10/2020 11h56
A família do garçom Marcos Paulo Luiz, de 39 anos, um dos três pacientes mortos ontem (27) no incêndio no Hospital Federal de Bonsucesso, na zona norte do Rio, contesta o atestado de óbito, que cita morte em decorrência de pneumonia. Ele estava internado no 2º andar, no CTI.
O corpo de Marcos Luiz será enterrado amanhã à tarde no Cemitério Municipal de Nova Iguaçu. Ele morava em Belford Roxo (RJ) e deixou 5 filhos com idades entre 8 e 19 anos.
"Ele não morreu por causa de pneumonia. Disseram no hospital que foi necessário tirar os aparelhos dele pra fazer a remoção para outra unidade durante o incêndio. Mas ele acabou inalando muita fumaça, teve duas paradas cardíacas e não resistiu", relatou ao UOL o açougueiro Márcio Luiz, de 33 anos, irmão de Marcos, enquanto a família aguardava pela documentação e pela liberação do corpo, na frente do hospital.
A esposa de Marcos também morreu em um hospital, no dia 10 de maio deste ano, em decorrência de problemas cardíacos.
"Como vou fazer para cuidar dessas crianças?", questionava a cozinheira Solange da Conceição Luiz, 57, tia de Marcos. "Ele estava perdendo muito peso e tossia. Saiu de casa falando pros filhos que iria só tomar uma injeção e já voltava", completou.
A família o visitou pela última vez na última quinta-feira (22).
Segundo os parentes, Marcos estava internado há um mês, com suspeita de pneumonia, e respirava com a ajuda de aparelhos. Ainda de acordo com a família, ele aguardou duas semanas por uma transferência para o CTI, que só ocorreu um dia antes de sua morte.