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Preso suspeito de liderar grupo que furtou 14 milhões de litros de petróleo

Denilson Silva Pessanha é suspeito de chefiar quadrilha especializada em perfuração e retirada de combustível de oleodutos da Petrobras - Divulgação / Polícia Civil
Denilson Silva Pessanha é suspeito de chefiar quadrilha especializada em perfuração e retirada de combustível de oleodutos da Petrobras Imagem: Divulgação / Polícia Civil

Tatiana Campbell

Colaboração para o UOL, no Rio de Janeiro

05/11/2020 18h38

A Polícia Civil prendeu hoje Denilson Silva Pessanha, suspeito de ser chefe de uma quadrilha especializada em perfuração e retirada de combustível de oleodutos da Petrobras. De acordo com as investigações, o grupo atuava no Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e Espírito Santo e furtou cerca de 14 milhões de litros de petróleo, entre junho de 2015 e março de 2017, ocasionando um prejuízo estimado em R$ 33,4 milhões para a estatal.

Pessanha, também conhecido como "Maninho do Posto" e "Barão do Petróleo", é ex-vereador de Duque de Caxias, município da Baixada Fluminense, e foi preso em Vila Velha, no Espírito Santo. A polícia informou que há, contra ele, quatro mandados de prisão e diversas anotações criminais, entre elas furto qualificado e organização criminosa.

A operação foi comandada pelo delegado André Leiras, titular da Delegacia de Defesa dos Serviços Delegados. De acordo com ele, no momento em que os agentes realizaram a prisão, Denílson se mostrou surpreso.

"Embora movimentasse uma quantia vultosa com o furto de combustível, Denilson Pessanha levava uma vida discreta e adotava uma série de artifícios para não chamar a atenção. Ele estava tão confiante de que não seria localizado que ficou surpreso quando eu e minha equipe chegamos. Não ofereceu resistência e pouco falou. Antes que ele entre no sistema penitenciário, ainda quero ouvi-lo na delegacia", disse o delegado.

Os agentes localizaram o ex-vereador com base em informações do Setor de Inteligência da Polícia Civil e do Disque-Denúncia. O Portal dos Procurados chegou a divulgar um cartaz com uma recompensa de R$ 5 mil para quem desse informação sobre o paradeiro do ex-vereador. A polícia disse que Denilson Pessanha era um dos mais procurados do Rio.

A Polícia Civil informou que Denilson Pessanha vivia em um dos principais bairros do estado capixaba, o Praia da Costa.

"Ele se tornou proprietário de seis postos de combustível, todos em nome de laranjas. Além disso, ele tinha a imagem de um empresário bem-sucedido e, apesar do luxo, tinha uma vida discreta justamente para não levantar suspeitas da polícia. Todo esse patrimônio foi conquistado com o furto de combustível diretamente dos oleodutos da Petrobras. Inclusive, mesmo morando no Espírito Santo, ele não deixou de explorar o furto de combustíveis na Baixada Fluminense", explicou o delegado Leiras.

Ligação com milícia

Para o delegado Felipe Curi, diretor do Departamento Geral de Polícia Especializada, a prisão de Denilson Pessanha pode afetar financeiramente a milícia que atua na Baixada. De acordo com ele, as investigações mostram que o "Barão do Petróleo" tinha ligação com grupos paramilitares.

"É uma prisão importante no combate aos grupos de milicianos. Esse crime seria mais uma fonte de renda da milícia", disse Curi.

De acordo com a polícia que trabalhou em conjunto com o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado, do Ministério Público do Rio, o grupo realizava a escavação durante a noite ou de madrugada e sempre com uma escolta armada.

Procurada pela reportagem do UOL, a defesa de Denilson Silva Pessanha não se manifestou até o momento.

Canal de denúncias da Transpetro

Em nota, a Petrobras e sua subsidiária Transpetro disseram que "colaboram há bastante tempo com as autoridades de segurança púbica e têm agido de forma integrada para mitigar os riscos relacionados ao crime de furto de combustíveis em dutos".

A estatal disse ainda que "o trabalho contínuo e eficaz das autoridades policiais também tem contribuído para prisões de integrantes de quadrilhas especializadas, bem como de receptadores e comerciantes de combustíveis ilegais nos estados do Rio de Janeiro e São Paulo".

A companhia alertou para que a população, por meio do canal de denúncias da Transpetro, o 168, faça denúncias desse tipo de crime. O anonimato é garantido.