Topo

Esse conteúdo é antigo

Bebê cuja cabeça teria sido arrancada no parto morreu de asfixia, diz laudo

Luciana Cavalcante

Colaboração para o UOL, em Belém (PA)

20/11/2020 14h34Atualizada em 20/11/2020 15h54

O bebê que, segundo uma família paraense, teve a cabeça arrancada no parto na Santa Casa de Misericórdia do Pará, em Belém, morreu por asfixia, segundo o laudo do IML (Instituto Médico Legal). O caso aconteceu no dia 16 de outubro.

A mãe veio do município de Ourém, nordeste do Pará, com indicação para cesárea, mas a família denuncia que ela foi forçada ao parto normal, mesmo informando que a criança tinha problemas de saúde.

Na ocasião, o pai da criança descreveu: "Eles não deram ouvidos e ficaram mandando ela (sic) fazer força. Fizeram tanta força que a cabeça veio na mão da enfermeira e depois caiu no chão. Só operaram depois, para tirar o resto do corpo".

A conclusão do laudo aponta "asfixia mecânica por encefalopatia hipóxico-isquêmica devido a retardamento no período expulsivo do parto provocado por impactação do pescoço/tórax e distócia dos ombros do feto na pelve materna".

Para o advogado da família, Ramon Martins, o laudo só vem comprovar o que a família já denunciava. "O procedimento adotado para uma gravidez de risco não era para ter forçado um parto normal e sim a cesárea, até porque o médico que acompanhou todo o pré-natal recomendou que fosse feito assim", afirma.

Ainda segundo ele, a perícia também indica que houve pressão na hora do parto, o que pode ter provocado a morte da criança. "Se estavam vendo que a criança tinha ascite, os rins não estavam funcionando bem, fica inchada, provavelmente não iria passar no canal vaginal. Assim com a pressão, fazendo força, provavelmente contribuiu para que viesse a se sufocar", opina Martins.

Além disso, segundo ele, a mãe também é hipertensa, o que também influencia no quadro geral.

A Polícia Civil informou que o caso está sendo investigado sob sigilo. Mas o advogado da família informou que, após o resultado da perícia, a polícia deve chamar a equipe médica para prestar depoimento, já que a família e a testemunha já foram ouvidas.

"Estive na delegacia e falei com a delegada, que deve intimar os médicos que atenderam a mãe, desde o recebimento até a alta, para questionar o motivo do procedimento", estima.

Apesar da gravidade do caso, Robson Martins acredita que pode ter ocorrido uma falha de comunicação. "Como ela chegou por volta das seis da manhã, hora de troca de plantão, provavelmente a equipe que recebeu não foi a mesma que fez o atendimento e ela pode ter provocado erro médico".

A Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará informou, em nota enviado ao UOL, que recebeu o laudo do IML esta semana e que o processo de sindicância interna para apurar o caso está em andamento.