'Mãe, tá pegando fogo': moradores de ocupação do Rio citam noite de terror
Mãe de dois filhos, de 1 e 3 anos de idade, Jéssica Sacramento, moradora de uma ocupação conhecida como "Unidos Venceremos", que pegou fogo na noite de ontem, em Santa Cruz, na Zona Oeste do Rio, disse que ao deixar a casa, o filho mais velho se desesperou e saiu correndo com medo do incêndio que alastrava no local. Assim como outras famílias, Jéssica perdeu tudo o que tinha. Na correria para deixar a ocupação, a moradora só pegou os filhos e os documentos.
"Meu filho tem um trauma, pois ele já teve um acidente lá dentro. Ele queimou todo no peito e quando viu o fogo, ficou desesperado: 'Mamãe, tá pegando fogo; mamãe, tá pegando fogo' e saiu correndo. Eu corri atrás dele [com a filha de 1 ano no colo]. Foi muito desespero."
Jéssica explicou que o filho mais velho se acidentou há 10 meses quando uma panela quente virou sobre ele. O menino teve queimaduras no peito e precisou ficar 10 dias internado. Desde então, segundo ela, a criança ficou com trauma de fogo. Jéssica contou ainda que estava tomando banho quando começaram as chamas.
"Desci correndo, quando virei o meu beco o fogo já estava alastrando tudo, saiu pegando tudo, foi muito rápido. As casas são todas de madeira, são barracos. Queimou tudo", explicou ela.
Outra moradora do local disse que o fogo começou em um dos becos e que o fogo se alastrou muito depressa.
"Foi muita correria, muita gente passando mal, muito desespero. Muita criança correndo, mulheres grávidas, mulheres de resguardo que tinham acabado de chegar do hospital. Foi um filme de terror que não quero nunca mais passar", contou Gleiciele Almeida.
250 barracos queimaram
A ocupação conhecida como "Unidos Venceremos", em Santa Cruz, fica ao lado de um condomínio do programa Minha Casa Minha Vida, na Zona Oeste do Rio. O fogo, que começou em um dos becos, destruiu 250 barracos, segundo a Prefeitura. Ninguém ficou ferido.
Algumas famílias seguiram para casas de parentes, outras estão desabrigadas e foram levadas para um complexo esportivo em Campo Grande, também na Zona Eeste.
De acordo com a Secretaria de Assistência Social, 125 famílias já foram cadastradas pelo poder municipal. O prefeito Eduardo Paes e o vice-prefeito e secretário de Habitação, Nilton Caldeira, estiveram no local durante a madrugada desta hoje.
"As pessoas vão ser abrigas e vamos tratar de resolver o problema em definitivo dessas famílias que estão há três, quatro anos abandonadas aqui nessa ocupação", disse o prefeito Eduardo Paes.
Os moradores da ocupação reivindicam o pagamento de aluguel social para recomeçarem a vida e rejeitam a oferta de serem encaminhados para abrigos. A presidente da Associação de Moradores, Rosi Rocha, fez um apelo por doações. "Tudo foi perdido. Estamos pedindo doação de leite, fralda (...) As crianças estão tudo sem roupa, o que puderem mandar para gente, vai ajudar muito"
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