Presidente de associação dos caminhoneiros em SP critica Doria: "Ditador"
O presidente da Federação dos Caminhoneiros de São Paulo, Claudinei Pelegrini, fez críticas à ampliação de medidas restritivas adotadas pelo governador João Doria (PSDB), em São Paulo, para conter a disseminação da covid-19. As declarações foram feitas hoje, durante uma entrevista ao programa Opinião no Ar, da Rede TV.
"Nós temos que sentar todo mundo e estudar, ver a melhor forma de escalar o distanciamento social. Mas, simplesmente, [Dória] é um ditador. Ele chega de cima do seu púlpito e diz "vai ser assim a partir de amanhã em São Paulo". O governador só vai sentir [os impactos] na hora que começar a faltar arrecadação de imposto. Aí sim, eu quero ver o que o estado de São Paulo vai fazer, infelizmente."
Durante o período da manhã, manifestantes realizaram um protesto na Marginal Tietê, em São Paulo, gerando interdição no sentido da rodovia Ayrton Sena. O protesto foi realizado contra a fase vermelha, que passa a valer em todo o estado a partir da meia-noite e seguirá em vigor até o dia 19 de março, podendo ser revogada.
Na visão de Pelegrini, as famílias estão "passando fome" e o governo estadual estaria "pouco preocupado" com o cenário. O líder sindical também alegou que a categoria deveria estar entre os grupos prioritários de vacinação contra a covid-19, para evitar que o vírus seja levado pelos profissionais assintomáticos de uma região do país para outra.
"O governo tem que entender a importância do caminhoneiro autônomo. Acho que devíamos entrar na lista de prioridades. Votei em Dória e nunca mais voto. Ele se trancou em um palácio de vidro, ele tem policiamento, quem sabe já tomou vacina, porque não sei que relação ele tem com a Sinovac. Mas o governo quer só dizer que é vermelho, abóbora, classificar o que pode e não pode", alegou.
Governo de SP diz que matém "canal aberto" com sindicatos
A secretária estadual do Desenvolvimento Econômico de São Paulo, Patrícia Ellen, disse que as manifestações são bem-vindas quando realizadas de forma pacífica, mas que os atos dos caminhoneiros de hoje podem interromper as vias e a passagem de ambulâncias para socorrer as vítimas da covid-19.
"Não há hipótese de não termos fase vermelha (...) Nós tivemos o maior aumento de internações em leitos de UTI covid desde o início da pandemia. E não é somente de idosos, é de jovens, adultos, todos estão adoecendo e nós não teremos leitos para a população se não fizemos nossa parte", disse, em entrevista à TV Globo.
Em nota, o governo de São Paulo afirmou que entende as manifestações da categoria, mas que ir contra as medidas de isolamento "é ignorar a morte de 60 mil pessoas no estado".
O comunicado também acrescentou que a decisão de adotar a fase vermelha em todos os municípios foi feito sob recomendação do Centro de Contingência, em função do aumento de casos e internações geradas pelo novo coronavírus.
"O protesto é um boicote ao esforço dos profissionais de saúde que lutam para salvar vidas em meio a uma pandemia. E, por outro lado, é uma forma de tentar camuflar a realidade macroeconômica que o país enfrenta com cinco aumentos no preço da gasolina neste ano, quatro elevações consecutivas no preço do diesel, inflação de alimentos, a volta da recessão, aumento da dívida pública e a disparada de preços de itens básicos como arroz e leite", disse o governo de São Paulo.
A gestão estadual disse ainda que reconhece a gravidade da crise econômica e que "mantém canal aberto com todos os setores e representantes de associações".
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