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Ato de caminhoneiros bolsonaristas em SP deve servir de alerta
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O projeto de poder de Jair Bolsonaro se apoia em recursos que estão na esfera do governo federal e fora dela. Na segunda categoria, entre os aliados mais próximos estão as polícias dos estados, parte das lideranças evangélicas, os colecionadores de armas e uma fração significativa dos caminhoneiros.
Não são apenas grupos de atuação eleitoral. Muitas vezes se dispõem a disseminar informações distorcidas que os bolsonaristas espalham, defender o presidente e atacar os adversários.
No caso de alguns caminhoneiros, esse ataque tem-se radicalizado, especialmente contra o governador de São Paulo, João Doria (PSDB). A paralisação de motoristas que acontece hoje na capital paulista é uma prova disso.
Segundo as lideranças do movimento, o protesto é contra as medidas de restrição que passarão a valer a partir de amanhã, por determinação de Doria. Cientistas têm repetido à exaustão que restrições desse tipo são uma das únicas formas de reduzir a circulação do coronavirus.
Mas os motoristas de caminhão que hoje se mobilizam preferem acreditar em Bolsonaro, que faz militância contra o distanciamento social.
Os caminhoneiros bolsonaristas não dão um pio para cobrar do governo federal mais agilidade na distribuição de vacinas ou na liberação do auxílio emergencial. Sua reclamação única é contra Doria, que determinou adoção da fase vermelha no momento em que o número de mortes diárias na pandemia se aproxima de 2 mil.
A manifestação desta manhã serve de alerta para o risco que representa transformar parte de uma categoria em massa de manobra de governantes.
O alvo de hoje é Doria. Mas nada impede que outros governadores e prefeitos acabem importunados por manifestações semelhantes, seja em favor do negacionismo ou outro objetivo que Bolsonaro tenha em mente.
O problema deveria ser tratado com atenção, tanto pelas autoridades que têm papel institucional quanto pelos caminhoneiros que não pretendem se transformar em massa de manobra.
Sob a gestão de um presidente que fez a previsão ameaçadora de ocorrer no Brasil em 2022 algo "muito pior" do que aconteceu no Capitólio, todo cuidado é pouco.
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