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Vítima de situação análoga à escravidão diz que era seguida por patroa

Mulher que vivia sem remuneração e se alimentava de restos reencontrou mãe em Aeroporto de Minas Gerais - Reprodução/Polícia Civil
Mulher que vivia sem remuneração e se alimentava de restos reencontrou mãe em Aeroporto de Minas Gerais Imagem: Reprodução/Polícia Civil

Colaboração para o UOL, em São Paulo

31/03/2021 09h30

Cíntia Domingos, de 34 anos, foi resgatada após viver cerca de nove meses em situação análoga à escravidão, em uma casa de Campo Grande (MS). A mulher contou que trabalhava "24 horas por dia" e que não podia nem ir para igreja sem ser seguida.

"Eu passava, lavava, fazia uns trens lá, limpava a casa dela inteira. Trabalhava de manhã, de tarde e de noite: 24 horas. Estava sendo tratada como escrava", afirmou à TV Globo. Cíntia foi levada de Matheus Leme (MG) para a casa da família de empresários em Campo Grande.

De acordo com Cíntia, ela não podia nem ir para igreja sem ser seguida pela patroa. "Eu saia para ir na igreja, ela pegava o carro e me seguia. Aí [depois do culto] ela mandava eu entrar no carro e trazia para a casa dela de volta."

Todavia, foi em uma das idas para a igreja que Cíntia conseguiu se desvencilhar do trabalho análogo à escravidão. Conforme as investigações da polícia, ela conseguiu fugir no dia 21 de março, um domingo, após ter permissão para ir à igreja e se perder. Ela, então, pediu socorro pelas ruas e foi auxiliada.

A Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher em Campo Grande foi acionada e, posteriormente, também a Delegacia de Polícia Civil em Mateus Leme. "Tanto a autora quanto o filho da autora, que teria uma participação no crime, já foram identificados pela delegacia especializada, lá em Campo Grande, mas não foram localizados", explicou Ligia Barbieri Mantovani, uma das delegadas responsáveis pelo caso.

Após chegar a Minas Gerais, a vítima recebeu atendimento médico. Ela foi internada por apresentar um possível quadro de desnutrição.

De acordo com a TV Globo Minas, a mãe de Cíntia trabalhou por nove anos para a mesma empresária que levou a filha para o Mato Grosso do Sul. Durante o período, ela não teve carteira assinada, mas recebia salário. "Um absurdo. É o cúmulo uma pessoa tirar um ser humano para fazer o que ela fez, não tá normal isso ai. Ela [suspeita] tem que pagar pelo o que ela fez", afirmou.

O caso foi encaminhado para a polícia federal e a justiça do trabalho também foi acionada. A pena por manter uma pessoa em condições análogas à escravidão, conforme as acusações, varia entre 2 a 8 anos de prisão.