Após alagamento até em presídio, Maceió tem previsão de mais chuva forte
As fortes chuvas que vêm atingindo Maceió desde o último domingo (10) têm causado transtornos com alagamentos, deslizamentos de barreiras e interdições de vias públicas. Nesta quinta-feira (15), o presídio masculino Baldomero Cavalcanti, no bairro do Tabuleiro do Martins, ficou alagado depois de madrugada e manhã de chuva, obrigando policiais penais a trabalharem em meio a dejetos que retornaram do esgoto junto com a água da chuva para dentro da unidade prisional.
A Defesa Civil de Alagoas emitiu dois alertas de chuvas intensas para esta sexta-feira e pediu que moradores de áreas de risco procurem locais seguros para se abrigarem. Nos alertas enviados por SMS, a Defesa Civil informou que houve vários pontos de alagamentos na cidade, e que há risco de deslizamento de barreiras em áreas de encostas. Entre quarta e quinta-feira, foram registrados 150mm de volume de chuva em Maceió.
Nas imagens feitas pelo Sinasppen (Sindicato dos Policiais Penais do Estado de Alagoas), é possível ver corredores e outras áreas comuns do presídio Baldomero Cavalcanti alagadas, e policiais penais usando botas para tentar se protegerem. Outras imagens mostram a área externa do presídio alagada, sendo a vala de esgoto a céu aberto transbordando. Durante o alagamento, foram encontrados vários escorpiões. O café da manhã dos presos, com pães, chegou em carrinhos em meio ao alagamento dos corredores e módulos.
O problema atingiu sete dos oito módulos do presídio masculino, e os policiais penais não tinham outra área seca para deslocar, temporariamente, os presos. Cerca de 1.100 presos ficaram por horas dentro da água misturada ao esgoto, segundo o Sinasppen.
O presidente do Sinasppen, Vitor Leite, contou ao UOL que o problema de alagamento no Baldomero Cavalcanti é recorrente. Segundo ele, toda vez que chove a vala de esgoto a céu aberto transborda e, junto com o volume de chuva, a unidade prisional fica alagada. Leite disse que está preocupado com a saúde dos policiais penais, pois estão trabalhando com presídio superlotado na pandemia do novo coronavírus e agora, com a chegada da quadra chuvosa, estão expostos a doenças como leptospirose, tuberculose, além da covid-19.
"Sempre que dá uma chuva um pouco mais demorada, o problema se repete ao longo de anos. Estamos no início da época chuvosa, a Seris (Secretaria da Ressocialização e Inclusão Social) fala em reforma e melhorias no presídio, que nunca se concluem e nunca se vê o resultado. Hoje foi uma situação calamitosa. Não tínhamos como remover os presos e nem trabalhar em ambiente sem alagamento", contou o policial penal.
Vitor Leite criticou a falta de estrutura de trabalho no Baldomero Cavalcanti e destacou que o efetivo de policiais penais é pouco para a quantidade de presos. Por plantão, segundo o sindicato, são dez policiais penais para custodiar 1.100 presos, dando uma média de 110 presos para cada policial penal. Ele afirma que o presídio está superlotado, pois a lotação inicial era de 600 homens, mas os espaços que deveriam estar dois homens têm até 12 presos.
A resolução de número 9 do ano de 2009, do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária recomenda a proporção de um policial penal para cada cinco presos como "padrão razoável para a garantia da segurança física e patrimonial das unidades prisionais".
"Inicialmente, a capacidade era de 600 presos, cada cela tem apenas duas camas, há uns anos fizeram mais camas. Quatro camas por cela. O normal é ver uma média de oito a 12 presos. E para piorar: dois módulos estão fechados para reforma há dois anos", destacou Vitor Leite.
O policial penal Glauco Maffizzoni reforçou a situação relatada pelo sindicato que o alagamento no presídio Baldomero Cavalcanti ocorre há mais de dez anos e "ninguém resolve nunca". "E pior, toda essa água está misturada com os dejetos das fossas estouradas", disse.
Mais chuvas
A Sala de Alerta da Semarh (Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos) emitiu um aviso meteorológico sobre as condições climáticas para esta sexta-feira, com previsão de pancadas de chuva intensas intercaladas com períodos de tempo seco em pontos isolados das regiões do Litoral, Agreste, Baixo São Francisco e Zona da Mata de Alagoas.
"Nas últimas 24h, Maceió já registrou um volume aproximado de 150 mm de chuvas. Isso mantém a Defesa Civil em alerta e o risco de transbordo nos pequenos riachos e o risco de movimentação de massas é grande, então foi necessário fazer essa alteração para Alerta", explicou o coordenador da Sala de Alerta da Semarh, Vinícius Pinho.
Segundo a Semarh, as chuvas previstas não trazem risco de transbordamento nas principais bacias hidrográficas de Alagoas e também não impactarão nos níveis das lagoas. Mas, pancadas intensas poderão provocar alagamentos em áreas vulneráveis com deficiência de drenagem e movimentações de massa em áreas de encosta.
Resposta
A Seris (Secretaria da Ressocialização e Inclusão Social) afirmou que a equipe de engenharia está monitorando a situação do presídio Baldomero Cavalcanti, e que, "em razão das chuvas atípicas" ocorridas durante toda a madrugada e manhã desta quinta-feira "registrou alguns pontos de alagamento." "Ressalte-se, porém, que o nível da água baixou já no final da manhã, permitindo, assim, que a situação fosse normalizada sem prejuízo à segurança daquela unidade."
A Seris informou ainda que a unidade prisional está recebendo reparos importantes na "primeira grande reforma realizada após mais de duas décadas." "As intervenções contemplam as lajes de corredores e módulos - que receberam novas telhas e manta impermeabilizante -, pintura e reforma do espaço multieventos, área administrativa e dormitórios para os policiais penais, além da instalação de novo sistema de fossas sépticas e caixas de gordura em diversos módulos."
De acordo com a secretaria, 1.250 presos são custodiados no Baldomero Cavalcanti. O presídio está superlotado, pois a capacidade é de 728 homens.
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