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Pastor teria pago R$ 5 mil por morte da mulher; ele e amante foram presos

Mariane de Souza foi encontrada morta em Navegantes, no Vale do Itajaí (SC) - Arquivo Pessoal
Mariane de Souza foi encontrada morta em Navegantes, no Vale do Itajaí (SC) Imagem: Arquivo Pessoal

Abinoan Santiago

Colaboração para o UOL, em Florianópolis

22/04/2021 16h42Atualizada em 22/04/2021 23h26

A Polícia Civil de Santa Catarina prendeu hoje três suspeitos de matar Mariane Kelly de Souza, de 35 anos, entre eles o marido da vítima, um pastor evangélico.

O corpo da mulher foi encontrado com as mãos amarradas às margens rio Itajaí-Açú, em Navegantes, em 9 de abril. O marido dela seria um dos mandantes do crime, de acordo com a investigação. A polícia diz que a intenção dele era matá-la para viver com a amante.

Além do marido, foram presos a amante dele, que era vizinha do casal, e o genro dela. Um sobrinho menor de idade da mulher também é suspeito de colaboração no homicídio, mas continua foragido.

Segundo o delegado Sérgio Sousa, o marido prometeu R$ 2,5 mil para cada um dos parentes da amante. A investigação apurou que a vítima morreu após levar quase 30 facadas.

Mariane sumiu depois de sair da cafeteria onde trabalhava, em Itajaí, no litoral catarinense. Segundo testemunhas, ela teria entrado em um carro de cor cinza no estacionamento de um supermercado, e depois não deu mais notícias.

"Foram 27 golpes de facas, inclusive no rosto e no pescoço, além de ter sido encontrada amarrada. Foi uma barbaridade tremenda", comentou o delegado.

A apuração descobriu que o pastor e a amante tinham a intenção de matar Mariane para viverem juntos e ficarem com os bens da vítima.

O pastor foi preso em Itajaí, em Santa Catarina. Já as detenções da amante e do genro aconteceram em Recife, em Pernambuco, para onde os dois fugiram após o caso ganhar repercussão.

"Eles não esperavam a repercussão tão grande do caso", analisou o delegado Sérgio Sousa.

A Polícia Civil não informou a idade, profissão e nome dos suspeitos em razão da Lei de Abuso de Autoridade. A reportagem procura a defesa dos envolvidos.

O indiciamento dos suspeitos será pelos crimes de homicídio e ocultação de cadáver.

Pastor nega crime

Os parentes procuraram a delegacia para informar o sumiço de Mariane por volta das 22h, no mesmo dia do desaparecimento. O marido afirmou que a esposa teria embarcado em um carro de aplicativo, mas a PM (Polícia Militar) descobriu que se tratava de um veículo particular.

A contradição fez a investigação adotar a linha de que o marido poderia estar envolvido no desaparecimento. "Essa versão foi planejada previamente", confirma o delegado.

Em depoimento, segundo a Polícia Civil, o pastor não confessou o crime, mas a investigação afirma que ele mandou matar a esposa com base em provas testemunhais dos demais envolvidos e contradições nos seus próprios interrogatórios.

Apesar de ser habilitado para guiar cultos, nos últimos meses o suspeito não participava da cúpula de nenhuma congregação.

O religioso também deixou há um ano o quadro de pregadores da igreja Ministério de Evangelismo Sem Fronteiras, de Itajaí, mas ainda frequentava o templo com a esposa antes do assassinato.

"É dissimulado o tempo todo, se fazendo de vítima. Diversos pontos são contraditórios no interrogatório dele", frisou o delegado Sérgio Sousa.

Amante do marido era "muito amiga" da vítima, diz polícia

O inquérito descobriu ainda que a amante do marido da vítima "era muito amiga" de Mariane. Ela morava em um apartamento alugado no andar de cima do imóvel do casal.

Foi a amante, inclusive, que pegou a vítima no trabalho. Era comum, de acordo com a polícia, que a suspeita a apanhasse na cafeteria após o serviço devido a amizade das duas.

"A amante conduzia o veículo. Ela era amiga da Mariane e por isso a vítima não estranhou a chegada dessa pessoa. Os dois contratados pela execução ficaram no banco de trás. Uma amiga da Mariane disse que a vítima falava bastante dessa vizinha. Eles faziam churrasco quase que diariamente. Isso causou bastante repulsa na vizinhança quando surgiu essa possibilidade", relatou o delegado.

Mariane e o pastor tiveram uma filha, que hoje tem 16 anos. A família morava em Itajaí há nove anos após migrarem da Bahia. A Polícia Civil informou que ainda não ouviu a adolescente, que está na casa de amigos do casal.