Cão que esperava tutora na porta de antiga casa viaja 4 mil km para revê-la
Um cão chamado Mailon, que passou mais de 30 dias aguardando a antiga dona em frente à casa onde ela morava em Praia Grande, no litoral de São Paulo, viajou cerca de 4.200 quilômetros até a cidadezinha de Ibiapina, no sertão do Ceará. Com isso, conseguiu concretizar o objetivo de se reunir com ela.
Maria da Paz Oliveira da Silva, de anos 39, morava com o marido e dois irmãos numa casa alugada no bairro Jardim Esmeralda e teve de abandonar a residência às pressas depois que a família ficou desempregada por conta da pandemia. Mailon foi entregue aos cuidados de parentes que ainda moram na cidade, até que a família de Maria pudesse buscá-lo.
Mas o cão sempre fugia da casa nova e corria para a frente da antiga casa, onde ficava de guarda, esperando pela dona.
Numa das vezes em que os tutores provisórios foram buscá-lo, o animal se mostrou agressivo. Não deixava mais que se aproximassem para levá-lo de volta. Com medo, os parentes de Maria decidiram deixá-lo no local. E ali, na porta da casa da antiga dona, Mailon permaneceu por mais de 30 dias, recebendo ajuda da nova inquilina e de vizinhos que se comoviam com o comportamento do animal.
Imagens do animal viralizaram em posts nas redes sociais e chamaram a atenção das amigas Helen Baum, de 49 anos, e Miriam Reis, de 43, protetoras independentes de animais que atuam de forma voluntária no litoral de São Paulo.
Operadora de telemarketing, Helen Baum contou hoje ao UOL que Maria da Paz foi localizada logo após Mailon ser resgatado por elas. "Ele se recusava a permanecer na casa dos parentes que concordaram em ficar com ele para ajudar Maria. Por isso eles desistiram. Quando soubemos que havia pessoas maltratando ele, atirando pedras, tentando agredi-lo com pedaços de pau, corremos para arrumar um abrigo provisório.
No abrigo, porém, Mailon começou a ficar depressivo. Ele tinha que ficar confinado num espaço pequeno e não podia fazer passeios. Foi quando Miriam, que trabalha como confeiteira, decidiu levá-lo para casa.
Eu tinha outros três cães em casa, mas não podia deixar o Mailon em depressão. No começo, foi tudo bem. Mas depois de alguns dias, começaram a acontecer algumas brigas entre Mailon e os meus cães. Uma vez, na tentativa de separá-los, acabei sendo mordida. Ele estava muito estressado"
As amigas iniciaram uma campanha para arrecadar dinheiro para a viagem. Uma passagem aérea para levar o animal até o Ceará custaria cerca de R$ 2.600,00. Elas criaram uma vaquinha, ofereceram rifas e pediram ajuda a familiares. Ao mesmo tempo, Maria da Paz tentava ajuda em Ibiapina, também vendendo rifas.
Após dois meses de arrecadação, o trio conseguiu juntar apenas R$ 1.600,00, insuficientes para a passagem aérea. Foi então que, após muita pesquisa, descobriram que já funcionava no Brasil um serviço chamado taxi dog, especializado no transporte interestadual de animais de estimação. Como a viagem custaria R$ 2 mil, Miriam parcelou os R$ 400,00 restantes no seu cartão de crédito.
As amigas contam que choraram muito ao se despedir de Mailon, no dia 17, por terem se apegado a ele. Por outro lado, sentiam-se felizes em saber que ele iria reencontrar Maria, com quem passaram a conversar quase todos os dias por chamadas de vídeo.
Reencontro emocionante em Fortaleza
Após uma viagem de cinco dias, Mailon chegou a Fortaleza, onde Maria o aguardava na casa de uma irmã, na tarde do dia 22. O encontro foi marcado na capital cearense, pois o acesso a Ibiapina é difícil e a viagem dura cerca de 5 horas.
"Eu estava muito ansiosa, fui um dia antes para a casa da minha irmã esperar por ele, meu coração estava disparado", conta Maria da Paz. "Teve muita gente injusta que me xingou nas redes, me acusou de ter abandonado o Mailon. Nunca faria isso. É que a gente não tinha como sobreviver mais na Praia Grande, por isso deixei ele com parentes, até eu poder buscar ele. A gente estava morando de favor na casa da minha madrinha em Ibiapina".
O emocionante reencontro de Mailon com Maria da Paz foi registrado em vídeo pela família. Atualmente, ela está trabalhando como diarista e mora com o marido e os irmãos numa casa de três cômodos, sem piso ou acabamentos. Mas diz que nunca mais irá se separar de Mailon.
É muito amor que a gente sente um pelo outro. Ele me segue para todos os lugares, está calmo, carinhoso. São 10 anos de amizade, desde que peguei ele bebezinho, ainda com o cordão umbilical pendurado. Hoje, quando saio para trabalhar, saio escondido para ele não estranhar. E quando eu volto, é aquela alegria que só a gente sentindo para saber"
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