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Estudante é preso na USP; testemunhas relatam perseguição e agressão

Luiza Missi

Do UOL, em São Paulo

08/08/2021 16h12Atualizada em 08/08/2021 18h11

Um estudante de 20 anos do curso de geofísica da USP (Universidade de São Paulo) e morador da residência estudantil da instituição foi preso na Rua do Anfiteatro, dentro do campus Butantã, na capital paulista, por volta das 23h40 de ontem.

Vídeos feitos por testemunhas mostram agentes da Polícia Militar — um deles carregando um fuzil — detendo Giovani Ramos e ignorando questionamentos sobre o motivo da detenção.

Outros moradores da residência estudantil afirmam que Giovani foi perseguido pelo campus por uma viatura da PM, que se chocou contra o portão do Restaurante Universitário. Segundo as testemunhas, a perseguição continuou a pé, quando o estudante foi derrubado e agredido pelos policiais.

Ele ficou detido no 91º DP até a tarde de hoje, quando um juiz determinou sua soltura em audiência de custódia.

Uma nota divulgada hoje pelos estudantes afirma que ele foi acusado de resistência (por fugir em direção à residência estudantil, onde estavam as testemunhas), dano ao patrimônio público (por ter supostamente jogado uma pedra na viatura, o que teria motivado a perseguição), lesão corporal (a PM alega que ele agrediu os policiais, segundo testemunhas) e porte de entorpecente.

A defesa afirma que as acusações não têm respaldo.

Amigos de Giovani afirmam que essa não é a primeira vez que ele é abordado no campus: em um ano, ele foi parado pela Polícia Militar mais de 20 vezes.

Versão da polícia

Procurada pelo UOL, a SSP-SP (Secretaria de Segurança Pública de São Paulo) informou que, de acordo com o boletim de ocorrência, Giovani foi preso em flagrante por dano qualificado, resistência, lesão corporal e drogas para consumo pessoal sem autorização. Ainda segundo os policiais, ele atirou uma pedra na viatura "sem motivo aparente".

O BO relata que os dois policiais foram atrás do estudante que, "sem aviso", largou a bicicleta no chão. Ao tentar desviar, "a viatura acabou se chocando contra uma árvore", e a perseguição continuou a pé — o que corrobora com a versão das testemunhas.

"Um dos PMs conseguiu segurá-lo, mas houve resistência à abordagem e ambos caíram. Com a resistência, o agente acabou quebrando o dedo e machucando a cabeça. Neste momento, houve aglomeração de alunos que, sem conhecimento dos fatos, tentaram tirar o autor do local", completou a SSP.

Já na delegacia, ainda segundo o órgão, Giovani não demonstrou arrependimento e não justificou o ataque à viatura, dizendo apenas que "a PM tinha muito dinheiro". O caso foi registrado no 91º DP e será encaminhado ao 93º DP.

O UOL também entrou em contato com a USP, mas ainda não obteve retorno. O espaço segue aberto para manifestações.