Topo

Esse conteúdo é antigo

Cirurgião denunciado após deformação em pacientes é afastado de 4º hospital

Alguns dos pacientes de Alan Landecker já receberam testes positivos para contaminação com bactéria, que pode destruir nariz  - Reprodução/Site pessoal
Alguns dos pacientes de Alan Landecker já receberam testes positivos para contaminação com bactéria, que pode destruir nariz Imagem: Reprodução/Site pessoal

Do UOL, em São Paulo

05/11/2021 22h41Atualizada em 05/11/2021 22h41

O cirurgião plástico Alan Landecker foi proibido temporariamente de realizar operações no Hospital Israelita Albert Einstein. A instituição, uma das mais renomadas da área da saúde no Brasil, é a quarta a tomar essa decisão depois que o profissional foi denunciado por sete ex-pacientes, que procuraram a Polícia Civil de São Paulo reclamando de deformações no nariz após rinoplastias feitas com o médico. Ele tem uma clínica particular especializada no procedimento, no Jardim América, bairro de alto padrão da capital paulista.

Antes do Einstein, os hospitais Sírio Libanês, Vila Nova Star e São Luiz já haviam anunciado que a presença de Landecker estava proibida em suas dependências. A decisão da instituição israelita, realizada hoje, foi confirmada ao UOL pela assessoria de imprensa do centro de saúde, que informou que o cirurgião ainda está sob avaliação do Comitê Médico Executivo, mas permanecerá afastado durante o processo administrativo.

Um dos pacientes que denunciou Landecker contou que, depois de gastar R$ 50 mil na rinoplastia, já gastou outros R$ 300 mil em operações para tentar reduzir as deformações no rosto, que também incluem perda de olfato e dificuldade de respiração, como detalhou reportagem da Folha de São Paulo divulgada no início desta semana.

Os inquéritos para averiguar as denúncias foram abertos pela polícia paulistana e o médico também foi denunciado ao Cremesp (Conselho Regional de Medicina) e ao Ministério Público do estado.

Os laudos em ex-pacientes apontam que pelo menos dois deles foram contaminados com a bactéria Mycobacterium abscessus, da família da tuberculose. Ela pode destruir o nariz afetado de forma permanente e requer um tratamento difícil e demorado, que certas vezes não consegue eliminá-la, por ser muito resistente.

Os advogados de Landecker, Daniel Bialski e Fernando Lottenberg, afirmaram em nota ao UOL que consideram a decisão dos hospitais de afastar seu cliente uma ação "unilateral e precipitada", declarando ainda que os pacientes não seguiram as diretrizes indicadas pelo médico no pós-operatório.

Confira nota da defesa do cirurgião na íntegra:

"Não são verdadeiras as acusações feitas por alguns ex-pacientes do Dr. Alan Landecker, que não seguiram o tratamento proposto ou abandonaram os cuidados e orientações que vinham sendo prestados no tratamento da infecção. Não pode, portanto, ser atribuída responsabilidade ao Dr. Alan por decisões unilaterais tomadas por esses ex-pacientes, que agora buscam reparação financeira.

Há imagens que comprovam o bom resultado dos procedimentos. As complicações relatadas foram posteriores e podem ter sido consequência de não se seguir as orientações médicas. Todas elas seriam reversíveis, caso os ex-pacientes se dispusessem a cumprir os protocolos.

Além disso, a grande maioria das infecções manifestou-se muito tempo após as rinoplastias — mais de 30 (trinta) dias— demonstrando que podem não estar relacionadas aos procedimentos cirúrgicos.

Todos os pacientes são orientados sobre riscos e cuidados, assinando um termo de ciência e sendo acompanhados por até três anos. As tentativas de difamar um profissional com 20 anos de carreira e mais de 4 mil cirurgias bem-sucedidas receberão a resposta adequada.

Quanto aos hospitais que decidiram suspender sua atuação profissional, entendemos que essa atitude é unilateral e precipitada, baseando-se apenas em matérias jornalísticas. A lisura das ações do Dr. Alan Landecker está sendo comprovada nos órgãos responsáveis pela apuração dos fatos."