Vídeo acompanha filhote de tartaruga que nasceu com 97 'irmãos' em Maceió
Um ninho de tartaruga cabeçuda (Caretta caretta) eclodiu e 98 filhotes nasceram ontem na praia de Riacho Doce, no litoral Norte de Maceió (AL). Eles foram soltos em uma ação, no final da tarde, pelo Instituto Biota, que faz monitoramento de animais marinhos em parte das praias de Alagoas. Um vídeo mostra um dos filhotes se locomovendo na areia da praia até alcançar o mar.
A soltura dos filhotes de tartaruga ocorreu em uma ação ambiental, reunindo estudantes e pessoas da comunidade local, que ouviram explicações sobre a importância da preservação dos ovos para perpetuação da espécie. Na soltura, biólogos monitoram os filhotes, que fazem um percurso da praia até o mar para que não haja interferência humana.
O Instituto Biota destaca a importância do filhote fazer o caminho da praia até o mar, pois quando adulta, a fêmea sempre vai fazer a desova onde nasceu. Segundo os biólogos, pode demorar anos, mas o animal vai lembrar o percurso até o local, para ele, seguro.
Há tartarugas que desovam em praias urbanas de Maceió e os ninhos, para preservação, são levados para outra praia mais deserta, mas quando os ovos começam a eclodir, as tartaruguinhas são levadas para o mesmo local que a mãe desovou para continuar o mesmo ciclo da natureza.
Os filhotes que foram soltos são de uma fêmea já conhecida. Segundo o presidente do Instituto Biota, o biólogo Bruno Steffanis, a tartaruga ganhou o apelido de "Verruga". O animal aparece entre as praias de Garça Torta e Guaxuma desde 2012, na temporada de reprodução, para pôr os ovos e ela tem uma característica peculiar: desova durante o dia (a preferência da maioria é no período noturno, devido ao movimento de pessoas com a urbanização das praias).
O filhote dessa espécie é um pouco mais raro, pois temos poucos ninhos de cabeçuda aqui. Essa mãe é conhecida nossa desde 2012, quando a desova foi registrada. A gente sabe que é a 'Verruga' porque ela tem uma característica com uma verruga no pescoço e porque ela vem desovar durante o dia, entre as praias de Garça Torta até o limite com a de Guaxuma. Esse ano nós conseguimos marcar o animal, colocando a anilha de identificação.
Bruno Steffanis, biólogo
O ninho de cabeçuda ficou uma média de 52 dias de incubação para ter os ovos eclodidos. Entretanto, a literatura afirma que o prazo é entre 45 a 60 para nascimento. No continente, a regra do período de reprodução das tartarugas marinhas ocorre entre os meses de setembro a março. "Em Alagoas temos o pico de desova entre dezembro, janeiro e fevereiro. É no meio da temporada onde tem mais ninho", destaca Steffanis.
Há uma média de nascimento de 2 mil filhotes a cada temporada, mas somente um filhote a cada mil consegue chegar à vida adulta. "A gente tem quase 20 mil filhotes registrados que nasceram sob nosso monitoramento. É uma média de 80% do ninho que nasce. Cada tartaruga coloca em média de 100 a 120 ovos. A estatística de quantos bichos sobrevivem é de 0,01%", explica o biólogo.
O biólogo explica que os 999 filhotes que morrem servem de alimento para outros animais, como caranguejos e peixes, em geral, dando "equilíbrio natural marinho". "Isso é uma estratégia reprodutiva que diz que animal que se reproduz muito, tem de morrer muito, e geralmente são base de cadeia porque senão o mar seria infestado de tartarugas", ressalta Steffanis.
O Instituto Biota explica que esses animais são protegidos por correrem risco de extinção porque, no passado, as que saíam para desovar estavam sendo abatidas antes da desova e esse ciclo não estava se completando. "Uma das estratégias de conservação foi de proteger os ninhos e as tartarugas que desovam", conclui.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.