Velório de idoso tem churrasco e chope em SC: 'É o que ele sempre pediu'
A morte de um idoso em Chapecó (SC) chamou atenção no Oeste catarinense devido a uma cerimônia inusitada que a família preparou para a despedida dele. Joaquim Silva da Rosa, 60, morreu no sábado (27) após se envolver em uma discussão e, para o velório, que ocorreu na cidade vizinha, Coronel de Freitas (SC), os filhos atenderam ao pedido dele, levando cerca de 30 litros de chope e 6 quilos de carne para um churrasco em sua homenagem.
"Era o que meu pai sempre pediu", contou ao UOL o comerciante Paulo da Rosa, de 32 anos, um dos três filhos de Joaquim. "A gente até brincou: 'pega um copo de chope, vai lá tomando, olha o corpo dele e não precisa chorar. Eu lembro dos momentos que ele passou com a gente e sempre era uma festa. Ele falou que não queria ver ninguém chorando no velório dele."
Segundo Paulo, o pai era uma pessoa muito brincalhona e divertida. A ideia de transformar o velório em uma celebração era algo que Joaquim sempre comentava para os filhos. "A gente brincou [com os convidados] assim: se não tomar o chope, ele vai vir de noite para te acordar", conta o filho.
A festa, por sua vez, sofreu resistência por parte de alguns familiares, mas Paulo reforça que era o desejo do pai. "Dói perder ele e acho que o que fizemos foi um ato de coragem. Era o que ele queria. E quem conhece nossa família e conhecia ele, sabe disso."
Joaquim morreu esfaqueado após uma discussão em uma lanchonete. O autor do crime ainda não foi localizado, segundo o filho. Procuradas, as Polícias Civil e Militar não responderam ao pedido de informações da reportagem sobre as circunstâncias do crime.
"Eu me sinto com dor porque mataram ele, mas precisávamos realizar o desejo dele. Não foi um deboche, foi uma celebração da vida do meu pai. Eu acho que esse tipo de festa deveria ser mais comum pelo Brasil. As pessoas têm que chorar pelos outros em vida, não em morte. De onde ele estiver, sei que ele está agradecendo a gente por isso".
O velório ocorreu numa cela mortuária da funerária Aschidamini, localizada em Coronel de Freitas, onde o filho reside. Para a administradora do estabelecimento, Patrícia Aschidamini, 27, essa foi a primeira vez que um velório do tipo foi realizado pela empresa.
"Nunca fizemos isso antes em 50 anos de funerária. Ficamos surpresos porque o homem tinha pedido que quando ele falecesse, ele só tivesse festa, não queria tristeza. O pessoal vinha ver porque achava uma coisa diferente", contou ao UOL.
Apesar de ser uma despedida inusitada, a cerimônia animada também é um desejo de Paulo. "Quando eu morrer, não quero que chorem. Espero que comam uma carne, tomem um chope, me deixem descansando e relembrem os velhos tempos", defende.
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