Sócio da boate Kiss, Mauro Hoffmann se entrega em presídio de SC
Hygino Vasconcellos
Colaboração para o UOL, em Balneário Camboriú (SC)
15/12/2021 09h18
O sócio da boate Kiss Mauro Hoffmann se entregou à Justiça na manhã de hoje. Acompanhado de um advogado, ele se apresentou no Unidade Prisional de Tijucas, em Santa Catarina. A informação foi confirmada pelo TJ-RS (Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul).
Na última sexta-feira (10), ele e outras três pessoas foram condenados pelo incêndio na casa noturna, em 2013, que matou 242 pessoas e deixou outras 636 feridas. Porém, um habeas corpus ingressado antes da decisão permitiu que não fossem presos. Ontem, o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Luiz Fux suspendeu o benefício e mandou prender os quatro condenados.
Hoffmann é o último a se entregar. Ontem, o ex-vocalista da banda Gurizada Fandagueira Marcelo de Jesus dos Santos e o ex-produtor musical Luciano Bonilha se apresentaram em São Vicente do Sul, no interior do Rio Grande do Sul e a 88 km de Santa Maria.
Já o outro sócio da boate Kiss Elissandro Spohr, conhecido por Kiko, compareceu no cartório do 2° Juizado da 1ª Vara do Júri, em Porto Alegre. Dali ele foi encaminhado para a Pecan (Penitenciária Estadual de Sapucaia do Sul), na região metropolitana da capital gaúcha.
Por nota, o advogado Jader Marques, da banca de defesa de Spohr, acredita que a decisão possa ser revertida amanhã, quando será julgado o mérito do habeas corpus. Ainda na manifestação, o defensor criticou o julgamento.
"O processo da boate Kiss é totalmente nulo por ilegalidades que aconteceram desde o sorteio de jurados ao curso do julgamento, passando pela votação e indo até a sentença. Os erros gravíssimos estão todos registrados no processo e serão levados ao Tribunal de Justiça no recurso de apelação da defesa", disse Marques por nota.
Ministro atendeu pedido do MP
A decisão de Fux é em resposta a pedido feito pelo MP-RS (Ministério Público do Rio Grande do Sul), contrário ao habeas corpus emitido pelo TJ-RS.
Nesse sentido, considerando a altíssima reprovabilidade social das condutas dos réus, a dimensão e a extensão dos fatos criminosos, bem como seus impactos para as comunidades local, nacional e internacional, a decisão impugnada do Tribunal de Justiça do Rio Grande Sul causa grave lesão à ordem pública ao desconsiderar, sem qualquer justificativa idônea" Luiz Fux, presidente do STF, em sua decisão
Na sequência, o ministro ordenou "o cumprimento imediato das penas" para os quatro. As condenações deles variam entre 18 e 22 anos de prisão.
O juiz Orlando Faccini Neto condenou, em primeira instância, por dolo eventual (quando, mesmo sem intenção, assume-se o risco de matar), os dois sócios da boate — Elissandro Callegaro Spohr, conhecido por Kiko, e Mauro Londero Hoffmann — e dois integrantes da banda Gurizada Fandangueira — o produtor Luciano Bonilha Leão e o vocalista, Marcelo de Jesus dos Santos.
As penas foram definidas assim:
- Elissandro Spohr - 22 anos e seis meses de prisão;
- Mauro Hoffmann - 19 anos e seis meses de prisão;
- Luciano Bonilha - 18 anos de prisão;
- Marcelo de Jesus - 18 anos de prisão.