Polícia investiga golpe de vacinas em MG; blogueira também foi enganada
A Polícia Civil de Minas Gerais investiga um possível golpe na aplicação de vacinas para crianças em domicílio. Uma mulher estaria se passando por representante de clínicas particulares e lucrando de forma ilegal pelas doses —o que pode configurar o caso como estelionato. Pelo menos quatro clínicas em Belo Horizonte e região sofreram com a tentativa de golpe.
Segundo a Associação Brasileira das Clínicas de Vacina (ABCVAC), a suposta falsária aproveitou para ampliar a oferta das vacinas a partir da divulgação de uma blogueira, que cria conteúdos sobre maternidade e tem 99 mil seguidores em uma rede social. Ela aceitou a divulgação em troca de permuta para imunização completa ao filho. Em resposta ao UOL, a mãe da influenciadora confirmou que a filha foi enganada.
O presidente da associação, Geraldo Barbosa, disse à reportagem que a provável golpista "só ganhou muito com as vacinas, porque conseguiu o apoio dessa blogueira". Por isso, diz ser difícil medir o número de pessoas enganadas. "A gente não tem noção do alcance [do caso]."
Golpista passava comprovante falso
De acordo com a associação, a possível golpista tem procurado famílias interessadas em vacinação em domicílio há pelo menos dois meses. Ela se apresenta como representante comercial de clínicas particulares, oferecendo imunizantes que precisam de mais de uma dose e têm valores altos, como os que protegem contra as meningites.
Em áudios apresentados pelas vítimas que compraram as doses para suas crianças, a suposta golpista chega a dar dados imprecisos sobre questões técnicas dos imunizantes, mas não o suficiente para levantar suspeita.
"Ela estudava o assunto e dava algumas informações incorretas, mas demonstrava conhecer o tema das vacinas e convencia as mães", afirma Barbosa.
Depois, a suposta falsária fazia contato com as clínicas se passando pelos pais e, então, dizia que queria imunizar os filhos em casa. Em seguida, enviava um comprovante falso do Pix para a clínica, que fazia o agendamento e a vacina era, então, aplicada na residência da pessoa.
Algumas crianças chegaram a ser imunizadas. Contudo, ao questionarem quando seus filhos tomariam a segunda dose dos imunizantes ofertados, os pais eram informados pela mulher de que seria necessário fazer um pagamento. Foi assim que o possível golpe foi descoberto, pois as vítimas declararam já terem pago o esquema das duas doses —logo, não seria necessária uma nova cobrança, como foi feita pela suposta golpista.
Clínicas prejudicadas
O prejuízo não ficou só com quem pagou para a suposta falsária. Como o comprovante do Pix era falso, o dinheiro não caía na conta das clínicas, segundo a ABCVAC.
As atendentes viam o comprovante e ligavam para o número da suspeita, acreditando falarem com os responsáveis pela criança a ser vacinada. A mulher confirmava a transação e o pedido para aplicar as vacinas em casa. Os imunizantes eram entregues e aplicados, mas as clínicas não eram, portanto, pagas para isso.
Um dos imunizantes que ela mais vendeu foi a meningocócica (contra as meningites), afirma o presidente da associação. "O esquema completo custa R$ 2,5 mil, mas ela vendia por R$ 900", diz ele.
Em um dos casos, uma mãe de gêmeos comprou todas as doses necessárias para as crianças e teve prejuízo de R$ 12 mil, informa a ABCVAC ao UOL.
Como evitar golpes de vacinas
No alerta sobre o golpe, a A Associação Brasileira das Clínicas de Vacina (ABCVAC) reforça que a contratação de vacinas particulares deve ser feita apenas por canais oficiais das clínicas. Ainda, orienta o público sobre como evitar o golpe:
- Lembre que clínicas privadas não têm representantes de venda que ofereçam vacinas;
- Sempre confirme a identidade dos funcionários através de crachás e identificação. Se necessário, entre em contato telefônico com a clínica escolhida para confirmar nomes;
- Desconfie de preços muito baixos e promoções;
- Mesmo que opte pelo serviço em casa, procure em algum momento conhecer as instalações físicas da clínica.
A mãe da blogueira informou que a influenciadora está viajando e deve retornar o contato da reportagem. Já a polícia diz que está investigando o caso e ouvirá testemunhas.
O UOL tentou contato com a suposta golpista, mas não teve retorno até o momento de publicação desta matéria.
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