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Chuvas deixam mais de 200 mortos em cinco estados desde outubro

Rafael Neves

Do UOL, em Brasília

17/02/2022 04h00

Com mais de cem mortos confirmados até a madrugada de hoje, o temporal que atingiu a cidade de Petrópolis, na região serrana do Rio, se soma a outros desastres naturais que têm deixado vítimas fatais no Brasil nos últimos meses. Desde o início de outubro, quando se inicia a época chuvosa em boa parte do país, foram registradas mais de 200 mortos por força das águas em seis estados.

A tragédia de Petrópolis já e, de longe, a que mais tirou vidas neste verão. Mas houve outras grandes catástrofes, que já causaram 48 mortes no estado de São Paulo, 27 na Bahia e 26 em Minas Gerais, além de duas no Sergipe e também duas no Espírito Santo. Outros estados, como o Pará, o Maranhão e o Tocantins, também sofreram cheias que atingiram centenas ou milhares de pessoas, obrigadas a deixar suas casas.

Na maioria dos casos, as áreas atingidas foram soterradas por terra em deslizamentos ou inundadas por cheias de rios muito acima do esperado. Ao todo, 590 municípios de nove estados tiveram municípios haviam sido colocados em situação de emergência até meados de janeiro, antes da tragédia de Petrópolis.

Mesmo locais como a Bahia, que já tiveram o auge das cheias há mais de um mês, ainda lutam para resolver problemas variados, desde questões de habitação até o fornecimento de cascalho para recuperação de pequenas estradas na área rural, que ficaram seriamente danificadas na catástrofe.

Bahia

O primeiro episódio de repercussão nacional ocorreu no final do ano passado, no sul da Bahia. Chuvas fortes nos últimos dias de dezembro, entre o Natal e o Ano Novo, atingiram cerca de 1 milhão de pessoas direta ou indiretamente, em uma área que alcançou 141 municípios.

O dado oficial mais atualizado, de janeiro, aponta que 27 pessoas morreram em decorrência dessas cheias. Uma moradora de Amargosa (BA), Gildete Pereira Santos Alves, perdeu mãe, pai e irmã no desabamento da casa onde a família viveu por mais de 50 anos, sem nunca ter passado por nada parecido, segundo contou ela ao UOL.

A tragédia ocorreu no povoado rural Ribeirão do Caldeirão. A construção da família foi soterrada por um deslizamento de terra e arrastada pelas águas de um rio. No local onde a casa ficava, restaram apenas lama e árvores.

Foi a pior enchente do sul da Bahia nos últimos 35 anos. Além das perdas das vidas, a Bahia contabilizou duas barragens rompidas, estradas destruídas, imóveis inundados, pontes submersas e outros danos que, juntos, devem custar cerca de R$ 1,5 bilhão, segundo estimativa do governo do estado.

Minas Gerais

Desde o dia 1º de outubro, quando reconhece oficialmente a temporada das chuvas em Minas Gerais, a Defesa Civil do estado registrou 26 mortes espalhadas por 19 municípios em várias regiões mineiras.

A cidade com mais vítimas fatais foi Brumadinho (MG), que três anos antes foi castigada pelo estouro de uma barragem de rejeitos minerários da Vale. Cinco pessoas morreram com as águas no município, que ainda se recupera do desastre industrial que deixou 270 mortos.

As chuvas deste ano começaram a se avolumar no estado na virada do ano e provocou destruição especialmente nas duas primeiras semanas de 2022. Além das perdas de vidas decorrentes das chuvas, o estado registrou a morte de dez pessoas na queda de uma rocha de cânion em Capitólio (MG), que caiu sobre barcos de turismo.

São Paulo

Assim como em Minas, as perdas materiais e humanas em São Paulo também se espalharam por amplas regiões. Houve tragédias inclusive em áreas próximas à capital, como Franco da Rocha (SP), que registrou oito mortos.

O governo do estado divide as 48 mortes registradas pela chuva no estado conforme o tipo de desastre: foram 31 óbitos por deslizamento, 12 por enchente/enxurrada, dois por raios e um por inundação, além de outras duas mortes classificada como "outros".