Ex-patroa diz que não pagava salário de doméstica por ela 'ser da família'

A ex-patroa de Madalena Santiago da Silva, 62, informou ao Ministério do Trabalho, em depoimento, que não pagava a empregada doméstica por considerar que ela era uma "pessoa da família". A informação foi confirmada pelo órgão ao UOL.

Madalena foi resgatada em março do ano passado após passar 54 anos em situação análoga à escravidão na casa de Sônia Seixas Leal, que depôs pouco após o caso ser descoberto.

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A doméstica, que hoje mora em Lauro de Freitas, não tinha salário, era maltratada e sofria com roubos da filha dos ex-patrões, segundo informou a TV Globo. A mulher supostamente fazia empréstimos no nome da doméstica e ficou com R$ 20 mil da aposentadoria dela.

O caso de Madalena repercutiu nesta semana após uma reportagem exibida pelo telejornal "Bahia Meio Dia", afiliada TV Globo em Salvador, mostrá-la com medo de tocar a mão de uma repórter da emissora. Ela confessou à jornalista Adriana Oliveira que temia pegar na mão dela mão por ela ser uma mulher branca.

"Fico com receio de pegar na sua mão branca", desabafou Madalena. "Mas por quê? Tem medo de quê?", indagou a repórter, estendendo as mãos. "Porque — vê a sua mão branca? — eu pego e boto a minha em cima da sua e acho feio isso."

Adriana então respondeu: "Sua mão é linda, sua cor é linda. Olhe para mim, aqui não tem diferença. O tom é diferente, mas você é mulher, eu sou mulher. Os mesmos direitos e o mesmo respeito que todo mundo tem comigo, tem que ter com você."

A cena ganhou destaque nas redes sociais e a própria jornalista se manifestou sobre o caso. "Me senti tão pequena, tão impotente diante da dor de Dona Madalena. Vontade de acolher e nunca mais ter notícia de monstruosidades assim", escreveu ela.